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Aláfia enche o palco e faz show político no Lolla: "Não compactuamos com fascismo"

Aláfia se apresenta no palco Budweiser do Lollapalooza - Rodolfo Vicentini/UOL
Aláfia se apresenta no palco Budweiser do Lollapalooza Imagem: Rodolfo Vicentini/UOL

Felipe Branco Cruz e Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

07/04/2019 13h22

O Palco Budweiser ficou cheio com os 15 integrantes da banda paulistana Aláfia, que fez um show politizado no Lollapalooza. "Não compactuamos com o fascismo, não compactuamos com esse governo que está no poder", declarou o vocalista Jairo Pereira. Ao mesmo tempo, Luiza Lian fazia seu show no palco Adidas, acompanhada só de um DJ (leia mais abaixo).

O Lolla observou protestos políticos principalmente vindo do público nesta edição, mas a banda deixou clara seu lado político desde o início da apresentação e ainda incrementou a mensagem "Lula Livre" gravada na bateria.

O grupo abriu o palco levando o groove e as raízes africanas para o festival com uma pegada dançante que contagiou os poucos que prestigiaram a apresentação do Aláfia.

A banda, que já está na estrada há oito anos, mistura o velho com o novo, acrescentando batidas eletrônicas que dialogam com a influência na rua, na periferia e com a cultura ancestral em faixas como "Salve Geral", "Preto Cismado" e "Proteja Seu Quilombo"

Fascismo não

As composições do Aláfia já provam que a banda não se restringe em apontar críticas no Brasil. Falando sobre escravidão, a São Paulo preconceituosa e o esquecimento dos indígenas, o grupo ainda criticou o presidente Jair Bolsonaro, os batedores de panela e o racismo. "Justiça e igualdade!", pregou Jairo erguendo o pulso direito no final da apresentação.

Megabanda

Sax, trompete, gaita, teclado, guitarra, baixo, DJ, backing vocals e percussão garantiram o sonzaço que ressoou no Palco Budweiser com funk, hip hop, soul e samba-rock. E a galera acompanhou, dançando sob a garoa que caia no Autódromo de Interlagos.

O Aláfia fez da tarde uma festa do que seria uma noite do baile black, com um dos melhores instrumentais que passou por essa edição do Lollapalooza. A cozinha do baixo e bateria, puxada para o funk americano, serviam como base para o clima, mas a percussão e quarteto de sopros roubou a cena, coreografando danças e não perdendo o tempo em nenhum momento.

Luiza Lian - Iwi Onodera/UOL - Iwi Onodera/UOL
Imagem: Iwi Onodera/UOL

Luiza Lian

A paulistana Luiza Lian fez uma apresentação minimalista com apenas ela e seu "homem banda", um DJ que mixou as músicas e os efeitos sonoros, no primeiro show do palco Adidas. A chuva até ameaçou cair durante o show, mas cessou quando Lian começou a cantar. Ela abriu a apresentação com a lenta "Mil Mulheres".

Projeções

Conhecida por suas composições autorais e artes visuais, ela aproveitou o telão central para exibir imagens psicodélicas que convergiam com as letras de suas músicas.

A artista apresentou faixas de seu novo disco, "Azul Moderno", como "Sou Yabá", mas também do primeiro disco "Oyá Tempo", como a mais famosa "Oyá".

Influências

Embora o público fosse pequeno, já que o show começou às 12h35, ela foi acompanhada por fãs fiéis. "Que foda ver meus fãs cantando comigo todas as músicas", disse.

Mesmo sem banda no palco, as músicas de Luiza mostraram pitadas de Jorge Ben Jor e da Soul Music americana, especialmente em "Iarinhas", em que ela canta que "Essa rua tem o nome de um rio que a cidade sufocou", e também na faixa "Santa Bárbara".

Sarau

Poetisa, em outros momentos, suas interpretações musicais soaram quase como se ela estivesse declamando poemas, passando por temas sensíveis que tratam da espiritualidade e feminilidade, como em "Azul Moderno" e em "Pomba Gira do Luar".

Luíza encerrou o show com a faixa "Tucum", com batidas de funk e hip hop.