"Marighella" é empolgante, maniqueísta e Seu Jorge brilha, diz mídia estrangeira
As primeiras críticas internacionais de "Marighella", estreia de Wagner Moura na direção exibida ontem no Festival de Berlim, apontam para um filme com teor de suspense e intenso, abrilhantado por uma bela atuação do elenco, especialmente Seu Jorge, que interpreta o guerrilheiro protagonista.
No entanto, na visão de jornais e revistas estrangeiras, existem problemas no longa, e um deles é o maniqueísmo da trama, que assume seu viés militante e se dá pouco à contradição, mas ainda assim trata-se de história bem contada e, em certos momentos, empolgante.
Para a revista americana The Hollywood Reporter, o filme possui uma visão de "nós contra eles", mas funciona como entretenimento, principalmente se a inexperiência de Moura como diretor. "Empolgante", "altamente seguro" e com "elenco fantástico", escreve o crítico Stephen Dalton.
"Seu Jorge é magnético na tela, transmitindo sem palavras a aceitação do destino trágico de Marighella". Outro ator a ganhar elogios é Bruno Gagliasso, na pele de um torturador. "É o vilão puro com uma reminiscência agradavelmente barroca de Gary Oldman."
Para a revista britânica "Screen Daily", "Marighella" se parece mais com uma cinebiografia de ação do que um longa de teor político. Ainda assim, tanto por suas qualidades quanto pela conjuntura internacional, a história deve ganhar proeminência à medida que for exibida em festivais do mundo.
"Em uma época de revolta, 'Marighella' deve estimular o debate sobre a natureza e o efeito da militância política, enquanto sua intensidade de suspense e uma atuação convincente de Seu Jorge fornecerão influência internacional sobre a arte", publicou o jornalista Jonathan Romney.
Já o jornal alemão "Die Tageszeitung", de esquerda, adotou um tom mais crítico afirmando que o filme é raso e exagera em querer transformar Marighella em herói. As cenas de tortura são pesadas e a trama ignora, por exemplo, o impacto do governo norte-americano nos eventos ocorridos na América Latina na época.
"Este filme não conhece contradições", escreveu Andreas Fanizadeh. "O roteiro não conta que o golpe militar no Brasil primeiramente teve forte apoio da população. Porém, não dá pistas de por que isso aconteceu e por qual motivo a resistência e as forças democráticas eram tão fracas."
Inspirado no livro "Marighella o Guerrilheiro que Incendiou o Mundo", do jornalista e escritor Mario Magalhães, "Marighella" narra a história do ativista baiano que recorreu à luta armada para enfrentar a ditadura militar e terminou morto em uma emboscada em 1969.
O elenco conta com Seu Jorge, Adriana Esteves, Bruno Gagliasso, Charles Paraventi, Humberto Carrão, Bella Camero e Luiz Carlos Vasconcelos, entre outros. Ainda não há previsão de lançamento nas salas de cinema do país.
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