Familiares e artistas se despedem de Bibi Ferreira: "Presença rara"
Familiares, amigos e artistas se despediram de Bibi Ferreira hoje. O corpo da atriz, cantora, diretora e compositora foi velado no foyer do Theatro Municipal do Rio. A cerimônia, aberta ao público, começou às 10h, com a família rezando em um espaço privativo. O corpo da artista será cremado no Memorial do Carmo às 17h, em cerimônia reservada a parentes e amigos.
Bibi Ferreira, 96, morreu no começo da tarde de ontem, em decorrência de problemas cardíacos, enquanto dormia no seu apartamento, no Flamengo.
A atriz Nicete Bruno chegou ao velório acompanhada da filha, Beth Goulart. Muito emocionada, ela não conseguiu falar à imprensa presente no local. "Bibi é uma referência da cultura brasileira", disse Beth. "Ela virou imortal pela obra que começou e pelo exemplo de vida, um símbolo de dedicação ao teatro".
Arlete Salles também prestou homenagem à amiga: "O teatro brasileiro e as artes cênicas estão de luto, perdem a sua grande atriz. Uma mulher que trouxe para o palco sua excelência, um talento extraordinário, sua personalidade. Uma presença rara no nosso meio. Nos conforta saber que ela teve uma linda vida e cumpriu belamente sua missão na terra".
Também estiveram presentes na cerimônia Nathalia Timberg, Gloria Pires, Adriana Esteves, Totia Meirelles, Françoise Forton, Leona Cavalli e Giuseppe Oristânio, entre outros. A cerimônia foi conduzida com caixão fechado, um pedido da própria Bibi, e contou com apresentações musicais, orquestra e coro do Theatro Municipal.
Por volta do meio-dia, amigos e parentes Bibi reservaram um momento no velório para homenagear artista. Músicos do Theatro Municipal executaram canções dos musicais estrelados por Bibi. Muito emocionada, a cantora e atriz Amanda Acosta atendeu ao pedido da filha de Bibi e cantou "La Vie En Rose", de Édith Piaf, uma das grandes marcas da carreira da carioca.
"É uma perda incomensurável, porque ela é uma estrela da maior grandeza. Uma das maiores artistas de todo o país. Ela teve uma vida muito digna. Foi uma pessoa que batalhava por tudo que ela acreditava. Não só na vida profissional como na vida pessoal também. Acho que ela aproveitou a vida. Ela nos dá esse exemplo", disse atriz Alcione Mazzeo.
Nas palavras de Adriana Esteves, a morte de Bibi Ferreira "é uma perda horrível para o teatro". "Foi a maior mulher e artista que tive a honra de conhecer. Ela me dirigiu em um espetáculo em 2003 e a levo para o resto da minha vida, assim como Brasil. Ela é demais. Fiquei feliz de ter vindo hoje dar um beijo."
"Ela foi a primeira diretora que tive o prazer de conhecer quando assumi o Teatro Imprensa em São Paulo. Ela brincava com o Thiago [Abravanel] antes do ensaio. Deixava ele brincar no palco e depois dizia para ele sentar ao lado dela porque ela ia trabalhar. Tenho um carinho por ela muito grande pelo que ela representou e nos ensinou", afirmou a diretora Cíntia Abravanel, filha mais velha do apresentador Silvio Santos.
Segundo a filha da atriz, Tereza Ferreira, Bibi foi mãe normal, com as preocupações típicas de qualquer uma. "Sempre muito carinhosa, preocupada. Claro, dentro dos horários dela, porque a profissão exigia muito. Não era uma mãe tão disponível, mas a gente estava sempre junto, sobretudo aos domingos, nos jantares de família. Conversávamos sobre o que havia ocorrido na semana."
"Ela é insubstituível. Vai ficar esse amor para sempre aqui, que é o melhor. E lembrem-se para sempre dela com carinho, alegria, batam palmas, sorriam, revejam coisas, ouçam os discos. Seria isso que ela gostaria", disse a atriz Françoise Fourton.
A cantora Roberta Miranda também compareceu ao velório. "Não sabia que tinha o alcance musical que ela me ensinou. Ela foi a única que fez com que eu tirasse o blazer e mostrasse o braço. Ela era minha amiga. Um dia tomei coragem de convidá-la para me dirigir, e ela prontamente aceitou. Começamos um trabalho lindo e árduo. Ela era muito exigente e queria que eu cantasse em um tom que não sabia se alcançava. Eu me redescobri com a Bibi."
"O que mais me impressionava era a juventude da Bibi. Sempre teve essa qualidade. Talvez tenha morrido a atriz mais jovem do meio. Toda a vez que eu ia a um espetáculo, ela dizia que não tinha voz, e aí, quando ela me via, dizia: 'Oi, meu namorado'. Isso era maravilhoso. Bibi eterna. Aplausos para ela", lembrou o amigo Ney Latorraca.
Rosamaria Murtinho lembrou que iria estrelar um monólogo criado e dirigido por Bibi ainda este ano. "Eu não consigo me lembrar da Bibi com tristeza, só me lembro dela com alegria", disse. "Ela dirigindo duas peças, me ligando meia noite, uma hora da manhã, pra gente conversar... Me dando presente. A gente ia fazer um monólogo nesse ano. Eu estou triste. Ela foi uma mulher que viveu a vida intensamente, tanto a vida particular quanto sua carreira. Ela deixa um legado que jamais será esquecido. Que os jovens vejam o que ela fez para se espelharem".
Pouco antes do fim da cerimônia, foi realizada uma missa de corpo presente por dois padres conhecidos da família: Omar Raposo e Isau Filho. Eles terminaram as preces com a oração de São Francisco de Assis. O público saudou a artista com aplausos e gritos de "Bibi". Depois, integrantes da Unidos do Viradouro colocaram uma bandeira da escola sobre o caixão e o cantor Elymar Santos puxou uma salva de palmas.
O corpo de Bibi deixou o Theatro Municipal por volta das 15h10, sob uma nova rodada de aplausos do público presente.
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