Filme sobre abusos de Michael Jackson enfurece família: "Linchamento público"
O polêmico documentário "Leaving Neverland", que estreou na última sexta no Festival de Sundance, vem causando polêmica por detalhar abusos que o cantor teria cometido contra crianças, em especial duas delas, Wade Robson e James Safechuck, que frequentaram o rancho do cantor na Califórnia nos anos 1990.
No caso da família de Michael Jackson, a reação às denúncias apresentadas no filme, que é dirigido por Dan Reed, foi a pior possível. Em um comunicado divulgado nesta segunda (28), os detentores do espólio do astro se dizem simplesmente furiosos com a produção e afirmam que Michael está sendo objeto de "linchamento público".
"Michael sempre dava a outra face, e sempre demos a outra face quando as pessoas foram atrás de membros de nossa família. Esse é o jeito de Jackson", afirma o comunicado. "Não podemos apenas ficar de pé enquanto este linchamento público continua. Michael não está aqui para se defender. Caso contrário, as acusações não teriam sido feitas."
Na nota, a família ressalta ainda que Michael Jackson já foi submetido a investigação, que incluiu uma averiguação completa no rancho Neverland, e que, mesmo assim, ele foi absolvido por unanimidade em julgamento realizado em 2005, em um caso envolvendo outro jovem.
Wade Robson testemunhou nesse julgamento afirmando que havia dormido no quarto de Michael Jackson muitas vezes, mas que o astro jamais o molestou. James Safechuck também fez declarações semelhantes aos investigadores quando era criança.
Em 2013, oito anos após a absolvição de Michael Jackson, Robson e Safechuck entraram com novos processos alegando que o estresse e o trauma os levaram a omitir informações. As acusações foram descartadas por falta de evidências, mas a ação ainda corre na Justiça sob recurso.
Por casa dessa mudança de tom, a família classificou Robson e Safechuck de "falsários", por levaram a opinião pública a acreditar "na palavra de dois mentirosos desmentidos por centenas de famílias e amigos ao redor do mundo que passaram tempo com Michael".
Quem são eles
Australiano, Wade Robson conheceu Michael Jackson nos bastidores de um show em seu país natal como prêmio de um concurso em um shopping em que ele imitava o rei do pop. Ele foi convidado a ir ao hotel de Michael após a presentação e, posteriormente, a família foi convidada a ir aos Estados Unidos. Foi nesta viagem que Wade Robson ficou sozinho pela primeira vez com Michael.
Em um dos trechos do filme, o australiano descreve quartos secretos do rancho de Neverland onde os abusos ocorriam e que Michael Jackson chegou a encenar uma cerimônia de casamento com ele em um desses aposentos.
As denúncias mostradas no filme incluem ainda mensagens amorosas enviadas por fax, a existência de camas escondidas para camuflar os abusos em Neverland e que Michael tinha estratégias para destruir provas e evitar ser pego em suas relações com crianças, o que incluía sinos nas portas para avisar quando alguém estava se aproximando do quarto.
Robson, que se tornou um importante coreógrafo e trabalhou com nomes como N'Sync e Brtiney Spears, diz que também abriu mão das denúncias anteriormente por temer pela sua carreira.
Já James Safechuck conheceu Michael Jackson após gravar um comercial para a Pepsi junto com o cantor nos anos 80. A amizade se desenvolveu depois da parceria profissional.
Os rapazes dizem ainda que Michael Jackson os fazia acreditar que eles não podiam confiar nos próprios pais e nem em mulheres. Hoje ambos são casados e têm filhos.
A riqueza de detalhes dos supostos abusos exibida no documentário chocou a plateia de Sundance, que aplaudiu de pé o diretor Dan Reed e as supostas duas vítimas depois da exibição no festival de cinema.
Na saída da sessão, alguns fãs carregavam cartazes defendendo o cantor, mas não houve conflito apesar do forte policiamento na porta do local, segundo a Rolling Stone.
Exibido pela primeira vez em Sundance, "Leaving Neverland" ainda não tem previsão de estreia em circuito comercial. O documentário será exibido em duas partes pela HBO nos Estados Unidos, com previsão de estreia para a primavera norte-americana.
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