Por que filmes indianos raramente são reconhecidos no Oscar
Todo ano é a mesma coisa. Os indicados na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar vêm de países tão diferentes quanto Irã, Coreia do Sul ou Líbano. Mas a Índia, que possui Bollywood, uma das maiores indústrias cinematográficas do mundo, com uma produção anual de mais de mil filmes, quase nunca é representada. Por que isso acontece?
Uma das dificuldades do Oscar em reconhecer os filmes indianos, segundo uma reportagem da revista "Taste", é a falta de divulgação, distribuição e apoio nos Estados Unidos. Um exemplo é o filme "Taare Zameen Par", de 2008, aclamado na Índia mas que passou completamente despercebido no resto do mundo, inclusive entre os votantes da Academia do Oscar.
Outro problema é a falta identificação com os artistas indianos pelo público estrangeiro. Por exemplo, a maioria dos americanos já conhece (e reconhece a importância) de diretores como Alfonso Cuarón, Pedro Almodóvar, Juan José Campanella, Ang Lee e Alejandro González Iñárritu, mas tem dificuldade em lembrar de grandes diretores indianos.
Com louvável exceção para M. Night Shyamalan que nasceu na Índia mas tem cidadania americana. Shyamalan, no entanto, não produz em Bollywood e a maioria de seus filmes foram feitos nos Estados Unidos.
Quase lá
Em 2008, "Quem Quer Ser um Bilionário" foi uma exceção a regra, já que ele recebeu dez indicações ao Oscars e ganhou oito estatuetas, inclusive o de melhor filme. Mas ele não é um filme indiano e, sim, anglo-americano, com direção de Danny Boyle. A confusão faz sentido, afinal, ele tem falas em hindu e jeitão de musical de Bollywood.
Na verdade, um dos grandes trunfos recentes da Índia no Oscar foi "Lagaan", indicado ao prêmio 16 anos atrás, em 2002. Até hoje, o título continua sendo um dos maiores sucessos indianos fora do país e um dos poucos que conseguiu transcender o que se convencionou a chamar de "filmes de Bollywood".
O longa é ambientado durante o controle britânico na Índia e conta a história de aldeões que se levantam contra os impostos e desafiam os colonizadores. Como um filme de Bollywood, ele tem música, dança e quatro horas de duração.
Outras indicações importantes de filmes indianos no Oscar ocorreram em 1957 com "Mother India" e em 1988 com "Salaam Bombay".
Mudanças
Críticos de cinema acreditam que essa falta de reconhecimento dos indianos está diminuindo. Em 2018, por exemplo, a atriz Priyanka Chopra não saiu da mídia, embora grande parte do interesse nela tenha sido por causa do casamento com o cantor Nick Jonas, num dos eventos mais comentados do ano.
Mesmo assim, não vai ser em 2019 que a Índia será laureada com um Oscar de melhor filme estrangeiro. O longa "Village Rockstars", indicado pelo país para concorrer ao prêmio, não entrou na disputa final. Ele conta a história de um grupo de adolescentes, moradores de uma zona rural da Índia, que quer formar uma banda de rock de verdade. Mas eles são pobres e não têm dinheiro para comprar os instrumentes. As dificuldades só aumentam quando a vila é atingida por calamidades naturais.
Importante no resto do mundo, inclusive aqui no Brasil, a categoria de melhor filme estrangeiro ganha pouco destaque na mídia americana. A estatueta, por exemplo, é sempre entregue no início da cerimônia sem muita pompa e longe dos prêmios tradicionais.
Neste ano, o Brasil apostou em "O Grande Circo Místico", que também não foi indicado. Os cinco finalistas serão conhecidos no dia 22 de janeiro e concorrem títulos do México, Polônia, Coreia do Sul, Japão, Líbano, Cazaquistão, Alemanha, Dinamarca e Colômbia.
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