O dia em que os músicos mais pirados do país se reuniram para bater uma feijoada
Em 1977, uma escalação de peso da música popular brasileira se reuniu no quintal do Masp, em São Paulo, para um evento no mínimo curioso: uma feijoada "de gala" promovida pela banda Joelho de Porco em parceria com a extinta revista Pop.
Descrito como o "rebu do ano", o almoço a céu aberto foi prestigiado por convidados do rock, pop e MPB, incluindo Ney Matogrosso, Jards Macalé, Arnaldo Baptista e integrantes das Frenéticas.
O encontro foi bolado pela Pop a pedido do grupo, que chegou de ônibus e parou o trânsito da Paulista saindo para dançar na faixa de pedestres. "Economia de gasolina? Não, falta de grana mesmo", escreveu a revista.
Na época, o Joelho de Porco preparava o lançamento de seu terceiro disco de estúdio, que trazia como grande novidade a entrada do vocalista argentino Billy Bond. A banda, que era presença constante na mídia brasileira, se desmantelaria meses depois.
"De repente, o Joelho de Porco resolveu fazer um rebu com os artistas mais pirados da MPB. E aconteceu de tudo na maior festa do ano...", anuncia a abertura da reportagem, em tom grandiloquente.
Veja abaixo as fotos da feijoada, que foi publicada na edição de setembro daquele ano.
A zoeira tomou conta do almoço. Um dos destaques do banquete sem dúvida foi Ney Matogrosso, astro da música brasileira na época.
De acordo com o relato, ele "surgiu dançando no gramado", posou sem ressentimento com o ex-colega de Secos & Molhados Gerson Conrad e ainda teve tempo para beijar na boca a Frenética Nega Dudu, "no beijo mais louco do mundo!".
O cantor também comeu feijoada e frutas, enquanto Conrad, que chegou atrasado, ficou só com as frutas. De sobremesa havia abacaxi e uma fartura de melancias.
"Na madrugada do dia escolhida, quando chegamos com o feijão, Macalé já estava lá. E a mesa ainda não estava posta quando chegaram os anfitriões --os caras do Joelho do Porco", escreveu a Pop.
"Depois pintaram as Frenéticas, cada uma em sua limousine personalizada. Sergio Magrão (Terço), John Flavin, Arnaldo Baptista & família, chegaram juntos, seguidos de perto pela groupie Refafá."
Munidos de bananas colt 45 na cintura fazendo as vezes de armas, os integrantes do Joelho de Porco recebiam os convidados dizendo uma mensagem quase intimidatória: "Levante as mãos e dirija-se para a mesa".
Era um dia frio na capital paulista e, segundo a revista, tudo rolou em clima festeiro e de descontração, marca registrada do Joelho de Porco que parece ter contaminado também os editores da revista, que escolheram a dedo os convidados.
"O jornalista e teatrólogo Antonio Bivar ia passando por acaso, viu a zoeira e dizem que ainda não se recuperou", diz o texto, que ainda esclarece como a parte dos fundos do Masp foi escolhida. "De helicóptero, um repórter sobrevoou São Paulo e descobriu o local para o rebu: o jardim do Museu de Arte, na avenida Paulista"
No fim da festa, aos olhos de uma pequena multidão de curiosos formada na calçada da Paulista, Tico Terpins, líder do Joelho de Porco, protagonizou um grand finale ao melhor estilo rock´n´roll. Ele "não deixou por menos: virou a mesa e espalhou a feijoada pela rua!".
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