Conheça "Green Book", que levou 3 Globos de Ouro e pode surpreender no Oscar
"Green Book: O Guia" saiu do Globo de Ouro 2019 com três estatuetas que poucos esperavam que ele fosse ganhar: melhor ator coadjuvante (Mahershala Ali), melhor roteiro e melhor filme de comédia ou musical. Com o sucesso, o longa de Peter Farrelly, que chega ao Brasil em 24 de janeiro, parece chegar mais perto do Oscar.
"Green Book" se baseia na história real de Don Shirley (Ali), um bem-sucedido pianista negro que contratou o descendente de italianos Tony Lip (Viggo Mortensen) para ser seu motorista durante uma turnê do Sul dos EUA, região conhecida por suas atitudes racistas. Passado no início dos anos 1960, o filme se localiza antes da luta por direitos civis dos negros ganhar visibilidade no país.
A história, recontada no roteiro de Farrelly, Brian Hayes Currie e Nick Vallelonga (filho do Tony Lip da vida real), se desenvolve exatamente da forma como o espectador espera. Durante o filme, vemos Tony, que na vida diária reproduz atitudes preconceituosas com as quais foi criado, se aproximando e se afeiçoando de Shirley, especialmente enquanto os dois enfrentam juntos as discriminações que o pianista sofre pela turnê.
O protagonista Mortensen diz que a comparação com "Conduzindo Miss Daisy", famoso filme de 1989 em que Morgan Freeman interpreta o motorista negro de uma viúva encarnada por Jessica Tandy, é injusta. Ambos os filmes, no entanto, vêm da mesma tradição hollywoodiana de histórias conciliatórias entre pessoas de raças, credos ou orientações sexuais diferentes.
Os últimos anos do Oscar e do Globo de Ouro estiveram cheios de produções assim. "Estrelas Além do Tempo" retratou as mulheres negras da NASA; "Clube de Compras Dallas" trouxe um caubói heterossexual lidando com a crise da AIDS nos anos 1980; e "Histórias Cruzadas" colocou seu holofote sobre a vida das empregadas negras de famílias brancas na mesma época e local em que se passa "Green Book".
Estes são filmes cuja moral é sempre a mesma: "temos mais em comum do que pensamos", bordão repetido por Farrelly no discurso ao receber o troféu de melhor filme. "Green Book" advoga a dignidade, e não o confronto, como forma de conciliação entre pessoas e obliteração do preconceito -- o que é nobre, mas também simplista, especialmente para o mundo complexo em que vivemos hoje em dia.
Já que este tipo de história foi contado e recontado à exaustão em Hollywood no passar dos anos, o que faz diferença é o grupo de talentos reunidos em torno do filme da vez. "Green Book: O Guia" sai ganhando neste aspecto: Peter Farrelly, seu diretor, assinou comédias hilárias como "Quem Vai Ficar Com Mary?" ao lado do irmão, Bobby, o que garante a aura descontraída nas interações entre Mortensen e Ali.
Com sua produção polida, sua mensagem inofensiva (mas positiva), e sua dupla de atores elogiada, "Green Book: O Guia" foi sancionado pelo Globo de Ouro como o candidato com mais "cara de Oscar" à premiação da Academia em 2019. Vale ficar de olho: Em ano de "Pantera Negra" e "Infiltrado na Klan", a escolha convencional pode ser atraente para os votantes sempre conservadores da premiação.
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