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O quadrinista brasileiro de Star Wars que é quase um mestre jedi

O quadrinista brasileiro Eduardo Ferrara  - Mariana Pekin/UOL
O quadrinista brasileiro Eduardo Ferrara Imagem: Mariana Pekin/UOL

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

08/12/2018 04h00

Eduardo Ferrara se divide entre o mundo dos quadrinhos e o das artes marciais. O ilustrador já realizou o sonho de trabalhar para "Star Wars", DC e Marvel e brinca que está no processo de virar um jedi entrevista ao UOL na CCXP 2018 (Comic Con Experience).

Eduardo é professor há 18 anos de Ninjutsu Bujinkan, uma arte ninja com sede no Japão. "Ela passa conceitos ninja é samurais e é formada por nove escolas ancestrais no Japão. Todos nós temos as credenciais, tudo registrado. Porque qualquer Zé Mané pode falar que sabe arte ninja, mas na verdade ele só está dando acrobacia e firula."

Além das artes marciais, Eduardo é apaixonado pelas HQs e desenha desde pequeno. Há uns 10 anos, o brasileiro procurou agentes para fazer a conexão com editoras maiores e foi aprovado.

"Na Marvel e na DC eu fiz cards e layouts. Os sketch cards são vendidos todos no original. Eles passam a arte que você tem que desenhar e todas são vendidas de forma original. Fazemos entre 500 e 900 cards em um prazo de um mês e meio.

Entre Superman e Stormwatch, Eduardo também separa um tempo para seus projetos pessoais, como "Spectrum" sua HQ independente que está na segunda parte e a próxima será lançada ano que vem. "O universo de Spectrum é um livro chamado Manual das Coisas Ocultas, que fala sobre os seres e fenômenos ocultos em nossa volta. Existem lendas urbanas e coisas que a gente não sabe e estão ao nosso lado", explica o ilustrador.

O protagonista é Dan Cazarro, um motoboy rabugento que faz entrega em qualquer lugar. É paralelamente ele tem o trabalho de ser uma espécie de lixeiros com essas entidades do outro mundo. Ele tem um pacto para acabar com essas criaturas que se alimentam do medo e das emoções humanas, tipo Loira do Banheiro. Ele quer reaver os antigos poderes para se livrar se uma maldição.

Quase jedi

Eduardo sempre foi fã do universo "Star Wars", e lembra quando teve o primeiro contato com a saga. "Eu estava em 1977 no cinema para ver o 'Uma Nova Esperança', quando ainda era chamado de 'Guerra nas Estrelas'. Tinha 9 anos. Minha vida mudou de lá para frente."

O quadrinista tentou cavar um espaço nas HQs da franquia lançadas pela Comic Horse, e alcançou seu objetivo na minissérie "Clone Star Wars", em 2013. "Eu já fazia a parte do layout do Darth Vader. A parte tragicômica do Star Wars é que estávamos no meio da arte final quando veio o comunicado que a Disney tinha comprado a Lucasfilm", lembra o artista.

"A série foi completa, mas íamos fazer bem mais. E o pior é que a Lucasfilm adorou, falou que eu tinha o traço perfeito para o Star Wars. A felicidade que eu tenho da minissérie é que eles não a refizeram, um dos únicos trabalhos que isso aconteceu. Eu criei vários elementos para a saga, e eles me deram liberdade."

Tendo trabalhado em Star Wars e com uma grande experiência nas artes marciais, é inevitável a questão: Eduardo pode ser considerado quase um mestre jedi? "Ah, mas eu queria muito", diz o artista aos risos. "É um processo, por enquanto sou um padawan ainda".