Miguel Ángel Felix Gallardo: a história do novo chefão de "Narcos"
ATENÇÃO: O texto abaixo contém spoilers. Não leia se não quiser saber o que acontece na série.
Na sequência de Pablo Escobar e dos cavalheiros do Cartel de Cali, "Narcos" optou por inaugurar sua nova fase com aquele que foi o pai do primeiro cartel mexicano: Miguel Ángel Félix Gallardo. O ex-traficante, interpretado na série por Diego Luna, está preso desde 1989, e em 2017 foi novamente sentenciado por seu crime mais famoso, o assassinato do agente da DEA Kiki Camarena, retratado nas telinhas por Michael Peña.
Gallardo nasceu em 1946, na pobre província mexicana de Sinaloa. Ele trabalhou como policial e como guarda-costas do governador Leopoldo Sánchez Celis, de quem se tornou íntimo -- tão íntimo que ele viria a se tornar padrinho do filho do patrão, Rodolfo.
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À época, Gallardo conheceu Pedro Aviles Perez, que também era um dos seguranças do governador. Perez era um traficante, que seria mais tarde conhecido como o Leão de Sinaloa, e recrutou o jovem policial. Quando ele morreu em 1978, após um tiroteio com a polícia, foi Gallardo quem assumiu o império --e conseguiu transformá-lo em algo ainda maior com a ajuda dos comparsas Rafael Caro Quintero e Ernersto Fonseca, apelidado de Don Neto.
Gallardo modernizou o sistema do tráfico mexicano. Os negócios se davam de forma descentralizada, com várias praças diferentes operando sob a liderança de diferentes chefes; Gallardo, no entanto, uniu as praças sob uma mesma organização, comandada por ele, e traçou novos caminhos para levar drogas aos Estados Unidos. Era o cartel de Guadalajara, o precursor dos brutais cartéis que até hoje aterrorizam o México.
De forma semelhante ao que é retratado na série, Gallardo começou seus negócios com a maconha, cultivada em uma modalidade mais eficiente, sem sementes, em uma fazenda no deserto, o Rancho Búfalo --o valor da produção seria mais tarde avaliado na casa dos US$ 8 bilhões, de acordo com o "The Wall Street Journal". Gallardo passaria a distribuir também a cocaína colombiana, tudo com a anuência de oficiais corruptos em postos que iam das polícias a alto escalões do governo.
O assassinato de Camarena
O começo do fim para Gallardo veio em 1985, com o sequestro e o assassinato do agente Kiki Camarena. O oficial da DEA havia conseguido se infiltrar no cartel de Guadalajara e, com as informações obtidas por ele, a agência conduziu uma operação que resultou na destruição total do Rancho Búfalo.
Meses após ação da DEA, Camarena foi sequestrado perto do consulado americano em Guadalara. Foi brutalmente torturado antes de ser morto. Seu corpo foi encontrado um mês depois de seu desaparecimento, ao lado do corpo do piloto Alfredo Zavala, que colaborava nas investigações.
A morte do agente causou uma grave crise entre os governos dos Estados Unidos e do México. As autoridades mexicanas prenderam rapidamente Rafael Caro Quintero e Don Neto, mas Gallardo só iria parar atrás das grades em 1989 --supostamente protegido por forças do governo, de acordo com o jornal "Los Angeles Times".
Gallardo, hoje com 72 anos, foi condenado a cumprir 40 anos de prisão, mas uma série de manobras legais arrastou seu caso na Justiça. No ano passado, ele foi novamente sentenciado pelos assassinatos de Camarena e Zavala: um juiz federal o condenou a passar 37 anos na prisão e a pagar 1,18 milhão de pesos em danos às famílias das vítimas.
Sem sua liderança, o cartel se fragmentou em organizações menores -- e brutais. Seu herdeiro mais famoso é Joaquin "El Chapo" Guzmán, que viria a ser rotulado como "o traficante mais poderoso do mundo".
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