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Greta Van Fleet faz o que promete em 1º álbum: ser um bom "Led Zeppelin genérico"

A banda Greta Van Fleet - Reprodução/Instagram
A banda Greta Van Fleet Imagem: Reprodução/Instagram

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

19/10/2018 08h18

Logo que começaram a fazer um relativo sucesso, os jovens da Greta Van Fleet viram suas caixas de comentários em redes sociais e sites de vídeo os definirem como a “salvação do rock” – como se o gênero estivesse à beira da morte. Nesta sexta-feira (19), a banda, que já havia feito barulho com um EP duplo, em 2017, lança seu primeiro álbum, “Anthem of the  Peaceful  Army”.

Em 11 faixas e 49 minutos de música, o que se encontra é o que se podia esperar: uma amostra do talento do quarteto, mas sem desgarrar do apelido de “Led Zeppelin genérico”.

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Foi a inegável semelhança com o Led Zeppelin que chamou a atenção do público. Primeiro, pela voz agudíssima de Josh  Kiszka; segundo, porque todo o instrumental também é calcado na lendária banda britânica. Tudo ali, dos sons à roupa, exala as criações de Jimmy Page e companhia.

O EP “From the Fires” já era assim. “Anthem of the Peaceful Army” em nada foge disso, com a diferença de dar um toque mais “paz e amor” e apresentar uma versão mais hippie da Greta Van Fleet – nada que o Led Zeppelin não tenha feito há quatro décadas.

O clima mais "paz e amor" é sentido logo na abertura. Em vez de começar com uma canção mais roqueira, “Age of Man” vem num crescendo, até ganhar contornos mais épicos, com teclados grandiosos. “Um dia novo em folha, um novo começo”, canta Josh, hoje com 22 anos.

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O rock vem com força em “The Cold Wind” e, a melhor do álbum, “When The Curtain Falls”, com riffs criativos de Jake Kiszka e a cozinha funcionando bem, com Samuel Kiszka no baixo (completando o trio de irmãos da banda) e Daniel Wagner na bateria. É impossível ouvi-los e não fazer comparações diretas com Jimmy Page (guitarra), John Paul Jones (baixo) e John Bonham (bateria). Em defesa dos jovens, o talento deles os deixa a salvo de envergonhar os ídolos do passado.

A Greta Van Fleet parece funcionar melhor quando as engrenagens do quarteto estão girando em conjunto - diferentemente de alguns momentos em que a voz de Josh parece ser o que dá rumo a tudo. “Watching Over” traz sons de sitar --tem coisa mais anos 60 e 70 que isso?--, “Lover, Leaver” se destaca com grandes linhas de bateria, e a coisa fica um pouco mais monótona com algumas canções levadas no violão ou mais arrastadas.

“Anthem” surge como o hino hippie da Greta Van Fleet e tem na beleza da voz de Josh e da adição de corais no fim da canção seu triunfo. Ainda há tempo para uma última música mais pesada, fechando o disco em alta com "Lover, Leaver (Taker, Believer)", como que já sugerindo que se aperte o botão do “repeat”. A faixa, por sinal, ganhou um vídeo com uma versão ao vivo de 26 minutos - mais uma vez, tem coisa mais anos 70 do que uma jam com mais de 20 minutos?

Assim como falar na morte do rock, falar em salvação e colocar isso nas mãos de uma banda que calca seu som em algo que já foi feito é um grande exagero. O fato é que a Greta Van Fleet gravou um dos melhores EPs do século, dentro de seu gênero, com “From  the  Fires”, e fica um pouco aquém em “Anthem of the  Peaceful  Army”. Mas a banda deve seguir fazendo muito barulho, principalmente por tocar aquilo que seus fãs querem ouvir.

Talvez isso possa acontecer ao vivo para os brasileiros: em entrevista ao UOL, o baixista Sam  Kiszka adiantou que “estaremos no Brasil em breve”. Segundo os rumores, o grupo deve se apresentar no festival Lollapalooza.

Ouça o disco completo:

Errata: este conteúdo foi atualizado
O instrumento usado em “Watching Over” é a sitar, e não a cítara como foi informado na primeira versão do texto. O erro foi corrigido.