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Justiça do Rio de Janeiro libera entrada de crianças na "Queermuseu"

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

21/08/2018 15h40

A Justiça reverteu uma decisão provisória que proibia menores de 14 anos de entrarem na "Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira", no Rio. No plantão do último fim de semana, o juiz Pedro Henrique Alves, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, expediu liminar com a decisão e a curadoria da mostra e a EAV (Escola de Artes Visuais) do Parque Lage, que abriga a exibição, recorreram.

De acordo com comunicado, a mostra seguirá a recomendação de classificação indicativa do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, com afixação de cartazes na entrada informando que a mostra "não é recomendada a menores de 14 anos desacompanhados dos pais ou responsáveis".

“A instituição que dirijo tem um histórico público de resistência a que devemos todos honrar. Hoje, mais uma vez, derrubamos a censura que vem a serviço de movimentos ultraconservadores. Penso que os valores de cada família são subjetivos e quem decide se uma criança deve ou não ver determinada obra de arte são os pais. Não cabe estatizar essa decisão”, disse Fabio Szwarcwald, diretor da EAV.

Placa com recomendação do Ministério Público na entrada da "Queermuseu" e aviso com decisão da Justiça no fim de seman - Carolina Farias/UOL - Carolina Farias/UOL
Imagem: Carolina Farias/UOL
Em setembro do ano passado, a exibição sobre representatividade LGBT foi realizada no Santander Cultural de Porto Alegre e, um mês depois da abertura, foi cancelada após protestos de grupos conservadores que atacaram o conteúdo como imoral, ofensivo a crenças e favorável à zoofilia e pedofilia. 

Para chegar ao Rio, a "Queermuseu" conseguiu arrecadar R$ 1,082 milhão via financiamento coletivo. Segundo os organizadores, é o maior valor já alcançado dessa forma no Brasil. O dinheiro foi usado na montagem, produção de ciclo de debates, além da adaptação museológica das cavalariças, espaço dentro do Parque Laje onde ocorre a mostra.