Comentário racista no Twitter fez série deixar de ganhar US$ 60 milhões
Do UOL, em São Paulo
30/05/2018 10h55
Um comentário racista no Twitter custou pelo menos US$ 60 milhões à rede de televisão ABC. Essa é a estimativa que o The Wrap fez após "Roseanne" ser cancelada por causa de um tuíte de sua protagonista, Roseanne Barr, sobre Valerie Jarrett, ex-assessoria do ex-presidente norte-americano Barack Obama.
Segundo o The Wrap, um levantamento feito pela consultoria Kantar Media indica que o revival da série que fez sucesso nos anos 80 e 90 ganhou US$ 45 milhões em publicidade em 2018. A ABC tinha a expectativa de lançar uma nova temporada com mais episódios, o que elevaria o valor do ganho com publicidade para US$ 60 milhões.
O retorno de "Roseanne" depois de mais de 20 anos fora do ar foi um tremendo sucesso. A série logo se tornou a mais vista da TV americana e uma das mais lucrativas, com intervalos comerciais valendo de US$ 200 mil a US$ 400 mil por 30 segundos.
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Mas tudo acabou nesta terça-feira, quando Roseanne Barr publicou o seguinte comentário em resposta a outras publicações sobre Valerie Jarrett: “Irmandade Muçulmana e 'Planeta dos Macacos' tiveram um filho = vj”. Advogada e ativista, Jarrett é negra e nasceu no Irã, filha de pais americanos. A presidente da ABC, Channing Dungney, agiu rápido e cancelou a série. "A publicação de Roseanne no Twitter é detestável, repugnante e incompatível com os nossos valores, e decidimos cancelar sua série”, afirmou Dungney em declaração oficial ao site TheWrap.
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Barr, 65, é simpatizante do atual presidente americano, Donald Trump, característica que foi levada para sua personagem nas telinhas. Ela já havia se envolvido em outras controvérsias por conta de seu posicionamento político, e chegou a comparar Chelsea Clinton, filha de Bill e Hillary Clinton, ao burro do filme "Shrek".
A declaração sobre Valerie Jarrett no Twitter causou imediato mal-estar entre espectadores e entre os pares da artista. Sara Gilbert, atriz e produtora da série, afirmou que os comentários da colega eram “repugnantes” e “não refletem as crenças do elenco, da equipe ou de qualquer pessoa associada à série”. Depois, foi a vez da comediante Wanda Sykes, que era consultora da produção, anunciar que não voltaria a trabalhar com a sitcom.
Deparando-se com a reação, Barr pediu desculpas nesta terça, antes do anúncio da ABC. “Eu peço desculpas a Valerie Jarrett e a todos os americanos. Eu sinto muito por fazer uma piada ruim sobre a posição política e a aparência dela. Eu deveria ter pensado melhor. Me perdoem, a piada foi de mau gosto”, escreveu no Twitter. Ela ainda anunciou que deixaria a rede social -- o que realmente fez -- e apagou o tuíte com a declaração racista.
Emma Kenney, do elenco da sitcom, disse que havia ligado para seu empresário e pedido para sair da série quando soube que ela havia sido cancelada. "Me sinto muito empoderada por Wanda Sykes, Channing Dungey e todos na ABC se mantendo firmes em seus princípios, contra o abuso de poder. Valentões NUNCA vão ganhar".
A poderosa Shonda Rhimes, criadora de "Grey's Anatomy" (também da ABC), comemorou a decisão da emissora. "Ela teve o que merecia. Como eu digo para o meu filho de 4 anos, você faz uma escolha com suas ações. Roseanne fez uma escolha. Uma escolha racista. A ABC fez uma escolha. Uma escolha humana".