Produtor Harvey Weinstein se entrega à polícia em Nova York e é preso
O produtor de filmes Harvey Weinstein cumpriu o esperado e se entregou à polícia de Nova York, na manhã desta sexta-feira, nos Estados Unidos. Ele é investigado pelas autoridades por casos de assédio sexual e estupro e desde quinta já se esperava que ele se entregasse. Ao chegar ao departamento de polícia, o produtor foi preso oficialmente
Weinstein, de 66 anos, chegou carregando alguns livros e se entregou às 7h30 da manhã, no horário de Nova York, segundo a revista "Variety". A imprensa já o esperava e registrou a chegada do produtor, que vem sendo acusado por dezenas de mulheres de assédio.
Pouco depois, às 9h, ele deixou a estação do departamento de polícia para ser levado a um tribunal para receber a acusação formal. Lá ele entregou seu passaporte e foi proibido de viajar para fora dos estados de Connecticut e Nova York.
Em entrevista na porta da delegacia, o advogado de Weinstein, Ben Brafman, afirmou que o cliente nega as acusações e dirá no tribunal que é inocente. "O senhor Weinstein não inventou o teste do sofá em Hollywood", disse Brafman.
Mais de 100 mulheres ligadas à indústria cinematográfica acusaram Weinstein de má conduta, inclusive assédio sexual e estupro. As polícias de Londres e Los Angeles também estão averiguando acusações contra o ex-chefão da Miramax.
Em março, o capitão do departamento da polícia de Nova York, Robert Boyce, afirmou que "evidências consideráveis" foram encontradas contra Weinstein, mas o caso foi esquecido após o promotor Cyrus R. Vance Jr. decidir não acusá-lo de nenhum crime.
As autoridades de Nova York apuram dois casos contra o produtor. Da atriz Paz de La Huerta, que afirmou ter sido estuprada em 2010, e da aspirante a atriz Lucia Evans, que disse que Weinstein a forçou a fazer sexo oral nele durante uma audição.
Boyce também confirmou que diversas testemunhas estão preparadas para testemunhar nos casos perante um júri.
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A fiança para que Weinstein possa ser liberado deve ser de US$ 2 milhões, de acordo com a "CNN". O "The New York Times" noticiou que além de entregar seu passaporte, ele deve ter de usar monitoramento eletrônico.
Além de Nova York, outras cidades investigam as acusações contra Weinstein, como Los Angeles e Londres.
Entenda o caso
Hollywood nunca mais foi a mesma depois do dia 5 de outubro, quando vieram a público as graves denúncias de assédio sexual contra o produtor Harvey Weinstein, um dos magnatas da indústria cinematográfica e responsável por "Shakespeare Apaixonado", "O Senhor dos Anéis", "Os Oito Odiados", "Cidade de Deus" e muito mais. As produtoras fundadas por Weinstein ao lado de seu irmão, Bob, -- Miramax e Weinstein Company -- tiveram papel fundamental na indústria cinematográfica.
Em iniciativa inédita, atrizes (e atores) do primeiro escalão se abriram para falar sobre os problemas de discriminação e violência sexual dentro do cinema e da TV, descortinando uma faceta sombria de um mundo glamoroso, que envolvia abuso de poder, assédio, estupro e ameaças de ostracismo.
Entre as mulheres que abriram o jogo publicamente estão Lupita Nyong'o, Uma Thurman, Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Cara Delevingne e Lea Seydoux. Isso sem falar em nomes não tão famosos da grande mídias, sendo que muitas atrizes desistiram de seguir profissão após trauma com o magnata.
A onda de denúncias resultou em dois movimentos importantes: o #MeToo e o Time’s Up, que tiveram os caminhos abertos por outras duas campanhas abraçadas por Hollywood, a Ask Her More e o #HeForShe.
Enquanto tudo isso acontecia nos últimos meses, novos casos surgiam a cada dia -- e não apenas contra Weinstein. A Miramax, produtora fundada por ele, declarou falência após as polêmicas.
As polícias de Londres, Nova York e Los Angeles passaram a investigar o magnata. As acusações foram parar na justiça e, em março, as autoridades estiveram perto de prender o suspeito, mas foram interrompidas por um promotor que decidiu não incriminar o acusado.
Os estúdios, assustados com tamanha repercussão negativa por ter diretores e produtores investigados por crimes sexuais, também se movimentaram. Uma cláusula de contrato, que permite uma maior igualdade entre diferentes raças, gêneros e culturas, também começou a ser válido em Hollywood e muitos filmes já aprovaram a iniciativa.
Protestos foram recorrentes nas últimas premiações do cinema, principalmente no Globo de Ouro, onde todos usaram preto na cerimônia. No Oscar deste ano, a vencedora da estatueta de melhor atriz, Frances McDormand, roubou a atenção com um discurso inflamado para acabar com o abuso e ressaltar a importância da igualdade na indústria. O mesmo aconteceu no Festival de Cannes 2018, com uma marcha liderada pela presidente do júri Cate Blanchett, nas escadas do palácio principal.
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