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Caetano Veloso puxa Carnaval fora de época politizado na Virada Cultural

Caetano Veloso canta com o cortejo do bloco Tarado Ni Você na rua da Consolação, durante a Virada Cultural - Marlene Bergamo/FolhaPress
Caetano Veloso canta com o cortejo do bloco Tarado Ni Você na rua da Consolação, durante a Virada Cultural Imagem: Marlene Bergamo/FolhaPress

Mateus Araújo

Colaboração para o UOL

20/05/2018 00h47

Marcado por tom politizado e euforia dos fãs, o encontro entre Caetano Veloso e o bloco Tarado Ni Você foi uma das principais apresentações deste sábado (19) na Virada Cultural. A rua da Consolação, na região central, já acostumada com festas de rua como o desfile do maior bloco da cidade, o Baixo Augusta, e da parada LGBT, foi palco do cortejo que começou pouco depois das 20h e se estendeu até meia-noite.

Caetano subiu no trio elétrico por volta das 20h30. No show, em ritmo de Carnaval, ele cantou alguns de seus maiores sucessos -- começou com “Alegria, Alegria” e seguiu com “Reconvexo”, “Leãozinho” e até “Sampa”, numa declaração de amor à capital paulista. O baiano fez sua apresentação até um pouco antes da altura da rua Dona Antônia de Queiroz e voltou a cantar em frente à Igreja da Consolação, desta vez também com o pernambucano Johnny Hooker. O desfile se encerrou próximo à rua Xavier de Toledto. 

O público lotou a Consolação para acompanhar Caetano, chegando a causar pequenos tumultos durante o trajeto. A banda do Tarado Ni Você interrompeu o show algumas vezes para pedir calma às pessoas próximas à corda que isola o caminhão de som, e também para pedir ao motorista que andasse devagar.

Em tom mais politizado do que o cortejo anterior, das cantoras Baby do Brasil, Pitty e Tulipa Ruiz, o show teve, por exemplo, protestos a favor da liberdade do ex-presidente Lula e contra a PEC 383/17, que altera a regulamentação do uso de agrotóxico no Brasil, pauta levantada pelos artistas em cima do trio, incluindo Caetano.

À altura da praça Roosevelt, o bloco parou a música para endossar o discurso ativista. “Não vamos esquecer que um prédio pegou fogo e pessoas moravam dentro. E as pessoas precisam de moradia”, falou uma das integrantes do grupo, no microfone, se referindo ao desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no início de maio, no centro. “Quero lembrar também da Matheusa [Passareli, estudante transexual morta por traficantes no Rio, também no início do mês] e gente não pode esquecer que no ano passado, durante a Virada, houve uma ação de truculência na Cracolândia.”

Foi a primeira vez que o Tarado Ni Você se apresentou junto com Caetano Veloso, que é tema e homenageado do bloco do Carnaval paulistano. “Esse ano, a Virada nos convidou e pediu que chamássemos um convidado de peso. Logo pensamos no Caetano. Fizemos o convite e ele aceitou”, comemorava o ator Artur Hiroyuki, um dos integrantes do Tarado.