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Com Cannes mais feminista, atriz rouba a cena com discurso forte contra assédio

Ao lado da diretora Ava DuVernay, Asia Argento manda um aviso em Cannes: "Sentados entre vocês, há aqueles que ainda precisam ser responsabilizados por suas condutas contra mulheres. Vocês sabem quem são" - REUTERS/Eric Gaillard
Ao lado da diretora Ava DuVernay, Asia Argento manda um aviso em Cannes: "Sentados entre vocês, há aqueles que ainda precisam ser responsabilizados por suas condutas contra mulheres. Vocês sabem quem são" Imagem: REUTERS/Eric Gaillard

Do UOL, em São Paulo

19/05/2018 20h57

Na edição mais feminista de sua história, o Festival de Cannes 2018 ganhou um discurso potente na noite de premiação, neste sábado (19), contra o assédio na indústria do cinema.

Além de a libanesa Nadine Labaki receber o Prêmio do Júri por "Capharnaüm", e Alice Rohrwacher pelo roteiro de "Lazzaro felice", a cerimônia teve uma protagonista inesperada: a atriz italiana Asia Argento, que afirmou que Harvey Weinstein "nunca mais" será bem-vindo em Cannes, onde, segundo ela, o produtor americano a estuprou em 1997.

“Eu tenho algumas palavras para lhe dizer. Em 1997, fui estuprada por Harvey Weinstein aqui em Cannes. Eu tinha 21 anos. Este festival foi o seu campo de caça”, disse Argento durante a apresentação do prêmio de melhor atriz, dado à cazaque Samal  Yeslyamova pela atuação no filme "Ayka”.

Argento foi a primeira mulher a denunciar oficialmente o produtor em 2017. “Quero fazer uma previsão: Harvey Weinstein nunca mais será bem-vindo aqui. Ele viverá em desgraça, esnobada pela comunidade cinematográfica que uma vez encobriu seus crimes”, disse a atriz.

Ela também deu um recado direcionado à plateia: “Sentados entre vocês, há aqueles que ainda precisam ser responsabilizados por suas condutas contra as mulheres. Vocês sabem quem são. E o mais importante, nós sabemos quem vocês são. E não permitiremos que isso fique assim por mais tempo.” Assista:



Com o Júri principal presidido pela atriz Cate Blanchett, 82 mulheres se reuniram para uma marcha contra a diferença de gêneros na indústria cinematográfica. O grupo ocupou as escadas do Palácio dos Festivais. Kristen Stewart, Salma Hayek, Ava DuVernay, Marion  Cotillard, Patty  Jenkins e Agnes  Varda também estiveram no protesto.

O número de mulheres presente no ato é simbólico: Nos 71 anos de história do festival, apenas 82 filmes dirigidos por mulheres concorreram à premiação principal, número ínfimo perto dos 1.645 produções comandadas por homens.

Antes do festival abrir suas portas, Thierry Fremaux, diretor artístico de Cannes, assinou uma carta prometendo mais filmes de diretoras mulheres nas próximas edições do evento.