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Cinco lições de Chad Smith para os fãs brasileiros de Red Hot Chili Peppers

"Drum Clinic" com Chad Smith rola um dia antes do show do Red Hot Chili Peppers no Lollapalooza, em São Paulo - Pamela Martins/Divulgação
"Drum Clinic" com Chad Smith rola um dia antes do show do Red Hot Chili Peppers no Lollapalooza, em São Paulo
Imagem: Pamela Martins/Divulgação

Renata Nogueira

Do UOL, em São Paulo

23/03/2018 04h00

Centenas de fãs do Red Hot Chili Peppers acompanharam na noite da quinta-feira (22) uma "drum clinic" com Chad Smith no Carioca Club, em São Paulo. A experiência musical intimista com o baterista rolou um dia antes do show da banda no Lollapalooza Brasil. Os californianos encerram o primeiro dia do festival nesta sexta-feira (23), no Autódromo de Interlagos. 

O encontro de cerca de uma hora e meia com Chad Smith tem jeito de show vip. Além de conversar informalmente com o público, o baterista faz solos e apresenta algumas músicas da banda. A ideia não é promover uma aula com técnicas apuradas de bateria, e sim falar da carreira e dar dicas para aqueles que estão em busca do sonho de viver de música.

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Os fãs pouco se importam de não aprender, necessariamente, a técnica do baterista de 56 anos. A maioria está lá justamente para ter oportunidade de ficar perto de um dos integrantes mais carismáticos do Red Hot Chili Peppers.

"Éramos de um fã clube, a gente se encontrava na Galeria do Rock desde 1999. A banda formou esse grupo de amigos e tudo o que tem de Red Hot a gente vai. Queremos ouvir qualquer coisa que ele tiver pra falar. É uma oportunidade única de ver ele assim tão de perto", admite a fã Bruna Spineli, estilista de 31 anos, que estava acompanhada de amigos.

Já Camila Poleto ressalta a personalidade do baterista. "Ele é muito acessível. Sempre tira foto com fã, sempre conversa, parece que nem é famoso. Tem muita consideração com a gente", diz a professora de 31 anos.

Se faltou teoria, sobraram lições do baterista, que falou sobre sua trajetória com a banda e até abriu o microfone para que os fãs fizessem perguntas. Rolou choro, tietagem e até "parabéns a você" puxado pelo músico para um aniversariante.

Veja a seguir algumas das lições de Chad Smith:

Aceite um emprego mesmo que não seja o ideal

Chad Smith toca - Pamela Martins/Divulgação - Pamela Martins/Divulgação
Imagem: Pamela Martins/Divulgação

Você sabia que o Chad nem curtia tanto assim o Red Hot Chili Peppers quando foi chamado para tocar bateria na banda? Pois é. "Cheguei em Los Angeles no verão de 1988 e fiz todo tipo de trabalho. Seis meses depois surgiu a oportunidade de tocar bateria para os caras. A banda era underground, tocava em umas rádios universitárias, e eu nem curtia tanto assim, mas era uma oportunidade. Entrei em dezembro de 1988 e estou há quase 30 anos com os caras! Sou um senhor de 92 anos."

Ele também falou de como começou na música antes de ir para Los Angeles. "Toquei em clubes de Detroit por oito anos. Tocava seis noites por semana, três sets por dia, para ganhar 180 dólares. Mas eu amava aquilo. Sempre quis ser músico e tive a sorte de descobrir minha paixão tão cedo", diz Chad, que começou a tocar bateria aos 7 anos.

Tem banda? Toque com outros caras

Chad Smith batera 2 - Pamela Martins/Divulgação - Pamela Martins/Divulgação
Imagem: Pamela Martins/Divulgação

Quando não está em turnê, Chad aproveita para tirar um som com outros grupos e testar sua musicalidade em projetos paralelos. "Apesar de amar o Red Hot Chili Peppers, acho essencial tocar com outras pessoas e aprender com elas." Ele até participou do show do Pearl Jam no Maracanã antes de embarcar para São Paulo, na quarta. "Estive ontem com os meus amigos do Pearl  Jam no Rio. Vocês conhecem eles, né?"

O baterista também falou que aproveita essas oportunidades já que não tem muito tempo para ficar estudando música, pois quando está em casa precisa se dedicar à esposa e seus três filhos.

Não seja um babaca

Chad Smith mostra a língua - Pamela Martins/Divulgação - Pamela Martins/Divulgação
Imagem: Pamela Martins/Divulgação

Se tem algo que não falta no baterista do Red Hot Chili Peppers é carisma. Mas essa qualidade vem acompanhada de outra essencial: a humildade. "Não seja um babaca. Esse é o principal conselho que posso dar para vocês. Não importa se você é o melhor músico do mundo."

Antes mesmo de dar o conselho, Chad mostrou como usá-lo na prática. Ainda no começo do show, enquanto trocava uma ideia com o público, notou um senhor secando o canto do palco da casa de shows. Foi até ele e pediu um rodo. Terminou de secar, devolveu o objeto e agradeceu o funcionário da casa de shows com um "obrigado" em português.

Aulas de música são indispensáveis

Chad Smith público - Pamela Martins/Divulgação - Pamela Martins/Divulgação
Imagem: Pamela Martins/Divulgação

Enquanto respondia a um fã de 12 anos sobre a necessidade de fazer aulas de música para aprender bateria, Chad falou de sua própria infância. "Nunca fiz aulas particulares, mas tive um professor na escola que tocava bateria e me ensinou. Eu estudava em uma escola pública e tinha aulas de música de muita qualidade. Se não fosse aquele professor e as bandas da escola, eu não estaria aqui", contou, aproveitando a oportunidade para criticar o governo americano sobre cortes nas áreas de música e cultura nas escolas públicas.

Abra sua mente

Chad Smith gesticula - Pamela Martins/Divulgação - Pamela Martins/Divulgação
Imagem: Pamela Martins/Divulgação

Chad Smith lembrou que na sua adolescência tudo o que ele ouvia eram bandas de rock britânicas: Led Zeppelin, Black Sabbath, Queen, The Who e Pink Floyd foram algumas das citadas. Mas, apesar de ter garantido uma boa formação bebendo dos caras, ele diz se arrepender de não ter sido mais mente aberta na época. "Meu pai ouvia muito country, Johnny Cash, e eu odiava porque via aquilo como música de velho. Depois passei a amar". Ele também diz ter sentido falta de descobrir grandes nomes do jazz mais cedo. "John Coltrane, Duke Ellington, Miles Davis... Se você começa a ouvir esses caras quando ainda é novo vai ser um bom músico antes do que imagina."