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Volta de "Walking Dead" tem despedida emocionante e promessa de mudança

Rick (Andrew Lincoln) e Michonne (Danai Gurira) seguram Carl (Chandler Riggs) em cena do nono episódio da oitava temporada de "The Walking Dead" - Divulgação
Rick (Andrew Lincoln) e Michonne (Danai Gurira) seguram Carl (Chandler Riggs) em cena do nono episódio da oitava temporada de "The Walking Dead"
Imagem: Divulgação

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

26/02/2018 00h35

ATENÇÃO: O texto abaixo contém spoilers do nono episódio da oitava temporada de “The Walking Dead”, “Honor”. Não leia se não quiser saber o que acontece.

“The Walking Dead” há tempos havia deixado a emoção de lado em favor do choque. Mas a série retomou o potencial dramático de se viver em um mundo pós apocalíptico em “Honor”, episódio que marcou a volta da oitava temporada, neste domingo (25), e trouxe a despedida de Carl (Chandler Riggs) -- a mais poderosa de toda a série.

O último episódio da temporada antes do hiato, em 2017, chocou o público quando o adolescente revelou a Rick (Andrew Lincoln) e Michonne (Danai Gurira) a mordida de zumbi em seu tronco. Afinal, Carl era um dos cinco personagens que restaram do elenco original e permanece vivo nos quadrinhos de Robert Kirkman, que deram origem à série. “Honor”, no entanto, entregou um adeus digno ao personagem, acompanhado por uma bem-vinda promessa de mudança nos rumos da trama, que há anos se estrutura no conflito entre o grupo de Rick e outros sobreviventes.

Explica-se: Carl, ao contrário das últimas grandes vítimas da série, não morreu pelas mãos sádicas de Negan (Jeffrey Dean Morgan) e seus comparsas, mas em decorrência de um encontro infeliz com os mortos-vivos. E é mais do que significativo que a maior morte de “TWD” nos últimos anos venha de uma ameaça da qual a série e seus personagens pareciam ter se esquecido.

Isso, somado às reflexões que o episódio fez sobre os custos da guerra, aponta para uma correção de curso que, se bem conduzida, pode contornar duas das principais reclamações dos fãs: a falta dos zumbis como ameaça real e a trama repetitiva.

Como foi o adeus de Carl

Personagem central do (bom) episódio, que teve quase uma hora de duração, Carl apareceu pela primeira vez em uma cena que confirmou o momento em que ele foi mordido: durante o ataque que ele e Siddiq (Avi Nash) sofreram a caminho de Alexandria, exibido no sexto episódio da oitava temporada. Uma breve sequência, embalada por música country, então mostra o que aconteceu com o rapaz antes do ataque dos Salvadores a sua comunidade. De maneira estoica, Carl escreve cartas de despedida, brinca com Judth e segue com seus afazeres.

De volta ao presente, a série retoma o gancho deixado pelo capítulo anterior, o momento em que Carl, nos túneis sob Alexandria, revela sua ferida a Rick e Michonne, tão desolados que mal conseguem reagir. “Me desculpem”, diz o garoto.

O que se segue é uma série de despedidas cheias de nostalgia, já que toda a comunidade decide ir procurar abrigo em Hilltop e Carl fica para trás com o pai e Michonne. A primeira é com Judith. Em uma cena comovente, ele entrega a ela o chapéu que era de Rick e lembra a mãe, Lori (Sarah Wayne Callis):  “Antes da mamãe morrer, ela disse que eu ia vencer neste mundo. Eu não venci, mas você vai, eu sei que vai”.

O garoto então recebe os respeitos de Daryl (Norman Reedus), que o elogia por ter salvado a todos, e de Siddiq, que promete honrar o sacrifício que ele fez para salvá-lo. Ele ainda tem um momento doce com Michonne, a quem chama de “melhor amiga“.

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Rick decide então tirar o filho dos túneis e levá-lo para a superfície, onde se abrigam em uma casa. É lá que Carl tem uma conversa emocionante com o ex-xerife, em que relembra os tempos em Atlanta e as fases difíceis que ambos enfrentaram.

“Obrigado por fazer eu me tornar quem eu sou”, diz ele ao pai, antes de contar que sempre pensa no menino que matou na prisão do Governador (na terceira temporada) e de afirmar que é grato por Rick ter parado de lutar para salvar o relacionamento dos dois – um momento que ajuda a restabelecer o potencial dramático, e não só de ação, que a série pós-apocalíptica traz.

Carl então diz que teve uma visão de como pode ser Alexandria sem a guerra – e nisso, não por acaso, está a cena que foi exibida no primeiro episódio da temporada, com Rick barbudo e uma comunidade vivendo tempos de paz. “Se você voltar a ser o que era antes, é assim que vai voltar a ser”, completa o garoto. Rick, que pouco falou durante o episódio, então pede desculpas ao filho e se compromete a tornar o desejo dele uma realidade.

Ao fim, o adolescente decide pôr fim a sua vida. A cena não foi mostrada ao público, que só ouviu um barulho de tiro enquanto via Rick e Michonne do lado de fora da casa. Em outros flashes ao longo do episódio, ambos sugiram cavando a cova de Carl.

Morgan e Carol

Carol (Melissa McBride) e Morgan (Lennie James) se unem em cena do nono episódio da oitava temporada de "The Walking Dead" - Divulgação - Divulgação
Carol (Melissa McBride) e Morgan (Lennie James) se unem em "Walking Dead"
Imagem: Divulgação

Apesar de mais longo que o costume, “Honor” não acompanhou todos os sobreviventes, deixando de lado Hilltop e Oceanside. Além de Alexandria, o foco esteve em Morgan (Lennie James) e Carol (Melissa McBride), que acabaram no Reino – Morgan foi para lá seguindo um grupo que escapou do cerco criado com zumbis, enquanto a colega saiu em busca de Ezekiel (Khary Patton), que havia sido capturado.

Aqui, o foco também esteve no drama: Morgan, que passou boa parte da série em conflito sobre matar ou não seus inimigos, é dessa vez tomada por uma fúria assassina e elimina todos os Salvadores que cruzam seu caminho mesmo quando Carol o orienta a não fazê-lo. É dele a cena de violência mais explícita do episódio, em que o personagem mata um homem puxando para fora seus órgãos internos.

Após um conflito intenso em um auditório, Carol e Morgan conseguem resgatar Ezekiel, e encontram Gavin (Jayson Warner Smith), que tentava escapar. Morgan está decidido a matá-lo, apesar dos protestos dos colegas. “Eu tenho que fazer isso”, argumenta ele. No entanto, durante sua hesitação, quem tira a vida do homem é o pequeno Henry (Macsen Lintz), que havia seguido Carol. A comparação entre o menino e Carl é praticamente inevitável – e a série parece querer deixar claro o efeito que a vida em um estado de guerra permanente tem sobre os mais jovens.

E Negan?

O vilão esteve ausente do capítulo até seus minutos finais. Sua única aparição se deu em uma das cenas de “visão” que aparecem ao longo episódio. Nela, Negan está trabalhando em uma horta de Alexandria quando Judith se aproxima para lhe desejar um bom dia. “Bom dia pra você também, querida”, responde ele, abrindo um sorriso de dar calafrios nos espectadores.

Se a cena insinua algo que vai acontecer no futuro da série, ficou em aberto -- mas definitivamente Negan era parte da utopia idealizada por Carl.

A última cena do episódio também foi misteriosa: Rick surgiu abatido, encostado em um tronco de árvore e aparentemente ferido. Seria, essa sim, um flash-forward?

Resta agora ver se a série realmente irá mudar seu foco, ou se voltará ao marasmo que marcou os episódios anteriores.

"The Walking Dead"
Onde: Fox
Quando: domingos, às 23h30