Jornalista Sérgio Sá Leitão é escolhido por Temer para Ministro da Cultura
O jornalista Sérgio Sá Leitão é o novo Ministro da Cultura, informou nesta quinta-feira (20) a Presidência da República.
A nomeação de Leitão para a pasta contou com o apoio do cineasta Cacá Diegues, de quem Michael Temer é muito próximo e com quem o presidente conversou nas últimas semanas sobre a indicação.
Segundo apurou o UOL, havia preferência por nomes técnicos por conta da forte influência da classe artística.
A pasta está sem titular desde 18 de maio, quando Roberto Freire, a quem Sá Leitão é ligado, pediu demissão. Ministro interino, João Batista de Andrade chegou a ser cotado para assumir a pasta, mas pediu a Temer para não ser efetivado.
Quem é o novo Ministro?
Em nota, a Presidência ressaltou a "ampla e reconhecida experiência" de Sá Leitão, e o currículo do jornalista de 49 anos realmente é vasto na área.
Cria de Gilberto Gil, então ministro da Cultura de Lula, Leitão passou por várias instâncias de governo, do BNDES à RioFilme, de 2009 a 2015.
Sob sua gestão, a produtora e distribuidora foi potencializada e fez com que a capital fluminense voltasse a ser um dos principais polos produtores de audiovisual do país. Seu perfil, no entanto, não agradou a todos e Leitão foi acusado de favorecer apenas as grandes produtoras, minando a participação do cinema autoral.
Entidades como a Associação Brasileira de Documentaristas do Rio de Janeiro e o Movimento Reage, Artista! repudiaram o "personalismo, concentração de poder e perseguição aos realizadores cariocas" que o jornalista teria empreendido durante sua gestão.
Em protesto no último Festival de Berlim, após a exibição do longa brasileiro "Joaquim", o diretor Marcelo Gomes expressou temor com a indicação de Leitão para a direção da Ancine. Ao UOL, na época, o jornalista garantiu: "Na minha visão, não há, na realidade brasileira, nenhuma ameaça à ordem democrática presente e muito menos qualquer ameaça à política de audiovisual."
Chefe de Gabinete de Gil entre 2004 e 2006, Sá Leitão tomou medidas importantes, como a criação do Programa de Economia da Cultura, a coordenação do Programa de Apoio à Exportação de Música (Pró-Música) e da CulturaPrev, Fundo de Pensão para os Trabalhadores da Cultura.
Dança das cadeiras
O MinC (Ministério da Cultura) vive um período conturbado desde que Michel Temer assumiu à Presidência. Em sua primeira ação, o presidente chegou a rebaixar a pasta a uma parte vinculada ao Ministério da Educação, enfurecendo a classe artística. Protestos e pressão de diversos lados fizeram com que o peemedebista devolvesse o status de Ministério.
O então secretário de Cultura municipal do Rio de Janeiro, Marcelo Calero, aceitou a missão de comandar o MinC e permaneceu como ministro por seis meses, até entrar em atrito com Geddel Vieira Lima, então homem de confiança de Temer.
Segundo Calero, o ex-ministro da secretaria de Governo o pressionou para que não interferisse na construção de um complexo imobiliário em Salvador. Em uma conversa gravada com Geddel, Eliseu Padilha (ministro-chefe da Casa Civil) e Temer, Calero comunicou que estava saindo do MinC.
Roberto Freire assumiu o cargo em novembro de 2016, e logo foi alvo de uma polêmica com o escritor Raduan Nassar, que acusou o governo de ser repressor e golpista. Freire foi um ferrenho defensor do impeachment de Dilma Rousseff e sofreu muitas críticas por parte da classe artística.
Seis meses após assumir o ministério, o pernambucano deixou o governo Temer em meios às acusações envolvendo o presidente e o empresário Joesley Batista, dono da JBS.
João Batista de Andrade ocupou a cadeira como ministro interino da Cultura em maio, mas pediu a Temer para não ser efetivado. Em entrevista ao UOL, ele contou que se viu em uma "ciranda de nomes disputando o cargo".
O caldo azedou ainda mais após a indicação de Andrade à presidência da Ancine (Agência Nacional do Cinema) não ser aceita pela Presidência. O ministro interino indicou Debora Ivanov, nome que contava com apoio do setor audiovisual, mas Temer nomeou Sérgio Sá Leitão.
* Com reportagem de Luciana Amaral, do UOL, em Brasília, e informações da Agência Estado
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