Com palco "invadido", Elza Soares pede: "Gritem mais senão ninguém acorda"
Com atraso, Elza Soares subiu ao palco São João na Virada Cultural com um pedido: "Eu quero é grito. Mais barulho nessa cidade", disse a cantora, na madrugada deste domingo (22). "Se não fizer muito barulho ninguém acorda."
Em um dos momentos mais fortes da apresentação, ao cantar "A Carne", a cantora fez sua parte. Cercada de homens negros sem camisa, ela gritou: "Eu quero é litros de revolta. Revolta, minha gente. Vamos mudar e lutar, lutar, lutar. Eu quero é democracia. Fora quem não presta."
Nem precisava pedir por mais barulho. Antes de entrar, enquanto a equipe ainda resolvia perrengues técnicos, o clima já estava quente.
Manifestantes contra o governo interino de Michel Temer e secundaristas que têm ocupado as escolas estaduais pularam a grade de proteção do palco e deram um baile nos seguranças. Eles queriam entregar faixas de "Fora Temer" e "Ocupa Tudo" para a banda que passava o som. Enquanto menores eram retirados à força da área, os músicos colavam mensagens contra o presidente interino em cima dos instrumentos e testava o som repetindo a palavra de ordem.
Elza nem precisaria repetir o protesto. Ao apresentar uma versão do seu mais recente show, o potente "A Mulher Do Fim do Mundo", onde veste um vestido de plástico preto, dedicou o repertório para letras que versam sobre morte, sexo, gêneros e racismo.
Na hora de "Maria da Vila Matilde", sobre violência doméstica, deu o recado: "Levantou o dedo é 180. Chega de sofrer calada".
Após o show, Elza afirmou ao UOL que apoia os protestos: "Eu incentivo, lógico. A coisa está muito sem noção".
"Temos que ter mais mulheres no poder. Mas agora não sei se é porque elas não querem ficar ao lado dele [Temer]. Temos gritar mais e mais para acordar todos eles."
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