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Alcione estreia na Virada: "Tá faltando mulher e negro nos ministérios"

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

21/05/2016 21h05

Pela primeira vez na Virada Cultural, a cantora Alcione foi a segunda atração a subir ao palco da estação Júlio Prestes, o principal do evento, e transformou o bairro da Luz em paraíso do samba e das baladas românticas.

No céu da "Marrom", como é conhecida, há espaço também para a política e engajamento, temas que não foram comentados antes pelo cantor Ney Matogrosso, atração anterior.

"Fiquei sabendo que o Ministério da Cultura voltou. Não era nem para ter acabado. Como um país como o nosso, com nossa diversidade cultural, pode ficar sem ele?", afirmou depois de abrir com "Juízo Final".

E o discurso continuou, agora lembrando o desastre ambiental da cidade de Mariana. Despachada, ela alvejou a mineradora Samarco, que pertence à Vale, responsável pelo rompimento da barragem que dizimou o distrito de Bento Rodrigues.

"Como uma empresa dessa pode ficar sem punição? Eles só querem saber de tirar o minério da nossa terra. Por isso cantei nessa música ["Juízo Final"], que é realmente para essa maldade desaparecer", disse Alcione, que ainda aproveitou para pedir negros e mulheres nos ministérios do presidente interino Michel Temer.

A cantora aproveitou também para falar da presidente afastada Dilma Rousseff. "Gosto muito da Dilma. Só estive ausente dos protestos por causa de problemas de saúde".

"Vocês são umas pestes mesmo, nem recatadas nem do lar", brincou com o a plateia feminina antes de começar "Sufoco", cantada em uníssono, assim como "Você me Vira a Cabeça".

Com clima romântico, embalado pelo vozeirão da cantora, além de cavaco e teclado, o show contou com intervenções artísticas do grupo Fylo, projetadas em cores e multiformas no telão.

Ligeiramente mais disperso e menor do que no show anterior, de Ney Matogrosso, o público ainda assim lotou a região da estação Júlio Prestes, que virou uma imensa e descontraída roda de samba.

No fim show, Alcione adiantou que gravará a música "A Pérola e o Rubi", famosa com Cauby Peixoto em seu próximo DVD. "Perdemos a nossa grande voz.", completou. 

Este ano, as apresentações do Palco Júlio Prestes vão até 1h da manhã, sem virar a madrugada, e reabre às 12h com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.

PALCO JÚLIO PRESTES

Sábado
18h: Ney Matogrosso
21h: Alcione
23h: Baby do Brasil e Armandinho

Domingo
12h: OSESP toca Villa Lobos, Stravinsky e Ravel com regência de Isaac Karabtchevsky
15h: Criolo
18h: Nação Zumbi e The Young Gods (Suíça)