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Com atraso, Bienal do Livro de SP abre com leituras de Fernanda Montenegro

Rodrigo Casarin

Do UOL, em São Paulo

22/08/2014 12h44

Se a 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo já prometia uma estrutura de show de rock, a abertura na manhã desta sexta-feira (22) começou a cumprir o desafio. A grande estrela do evento foi a atriz Fernanda Montenegro, que apareceu para ler sermões de Padre Antônio Vieira. Toda vestida de preto, ela ficou o tempo todo sentada e foi aplaudida ao final de cada uma das três leituras, enquanto telas de celulares brilhavam ao alto para filmar a atriz.

O evento, que começou com 40 minutos de atraso, lotou o Auditório Elis Regina, no Anhembi, e contou com a presença de autoridades como Marta Suplicy, ministra da Cultura, e Henrique Paim, ministro da Educação. A leitura de Montenegro foi intercalada pela apresentação do Conjunto de Música Antiga da Universidade de São Paulo e do Grupo Vocal Audi Coelum, que interpretaram músicas do século 17, contemporâneas de Padre Antônio Vieira.

O autor --um português que passou boa parte de sua vida na Bahia--foi escolhido para ser homenageado na abertura da Bienal por ser um dos primeiros escritores a fazer literatura no Brasil. Foram lidos trechos de "Sermão de Santa Catarina", "Sermão de Santo Antônio" e "Sermão do Bom Ladrão", selecionados por João Adolfo Hansen, doutor em literatura brasileira, professor da USP e estudioso da obra de Antônio Vieira.

Os escritores Rubem Alves, Ariano Suassuna e João Ubaldo Ribeiro, que morreram no mês passado, também foram lembrados na cerimônia de abertura da Bienal, que acontece até o dia 31 de agosto no Pavilhão de Eventos do Anhembi.

Bienal mais "cabeça"

Com o tema de "Diversão, Cultura e Interatividade: Tudo Junto e Misturado", a Bienal é um dos eventos mais importantes do mercado livreiro e literário em toda a América Latina. Neste ano contará com 1.500 horas de programação e mais de 400 atrações, dentre elas nomes reconhecidos internacionalmente, como Harlan Coben ("Confie em Mim"), Cassandra Clare ("Os Instrumentos Mortais"), Ken Follet ("Os Pilares da Terra"), Sally Gardner ("Coriandra"), Kiera Cass ("A Seleção"), Hugh Howey ("Silo") e Sylvia Day ("Toda Sua").

Mas as atrações da Bienal não estarão restritas a autores best-sellers: neste ano, a Câmera Brasileira do Livro, organizadora do evento, confiou a curadoria da programação cultural ao Sesc, que fez uma mistura de mesas com autores reconhecidamente populares, como André Vianco, Eduardo Spohr, Mário Sergio Cortella, Pedro Bandeira, Ziraldo e Maurício de Sousa.

Eles devem atrair um público mais específico, assim como a discussão sobre a reinvenção da linguagem, com João Anzanello Carrascoza, Ricardo Lísias e Evandro Affonso Ferreira, e a conversa sobre crítica literária com Hans Ulrich Gumbrecht, Silviano Santiago e Rogério Pereira. "Optamos por levar o que sabemos que o grande público lê, mas também o quê gostaríamos que ele lesse", declarou Francis Manzoni, o curador da programação cultural, na entrevista coletiva que antecedeu o evento.

Toda a programação estará espalhada por oito espaços distintos. A "Arena Cultural" receberá os autores best-sellers, enquanto no "Salão de Ideias" estarão as mesas de discussões. O "Espaço Imaginário" será de atividades destinadas a jovens e crianças, e a "Escola de Livros" terá eventos que visam qualificar o mercado de trabalho do setor. Já o "Cozinhando com Palavras" reunirá importantes nomes da gastronomia.

Os outros dois ambientes são o "BiblioSesc Praça de Histórias", dedicado às narrativas orais, e o "BiblioSesc Praça da Palavra", para diferentes possibilidades narrativas. Outras manifestações artísticas também serão contempladas, mas sempre relacionadas à literatura. O anfiteatro receberá encenações de peças teatrais, exibições de filmes, apresentações de dança e circo e musicais de Hermeto Pascoal, Tetê Espíndola, Zélia Duncan, Emicida, André Abujamra e Lirinha.

Os ingressos para a Bienal do Livro, que dão acesso ao Pavilhão do Anhembi, custam entre R$ 6 e R$ 14 --dentro do espaço, toda a programação cultural é gratuita, sendo que os bilhetes para cada evento devem ser retirados com no mínimo 30 minutos de antecedência.

A Bienal traz 300 expositores, que representam 750 selos, e recebeu um investimento total de aproximadamente R$ 34 milhões, sendo R$ 4,8 milhões captados por leis de incentivo fiscal. Nos dez dias de evento, são esperados mais de 700 mil visitantes, que, para chegarem ao Anhembi, podem utilizar ônibus gratuitos que saem das estações de metrô do Tietê e da Barra Funda (desta, apenas nos finais de semana).