HQ dá vida aos personagens das músicas de Adoniran Barbosa
Adoniran Barbosa não escrevia apenas músicas, mas histórias. Ele foi tanto um sambista quanto um contador de causos, cronista de uma São Paulo antiga com seus personagens, tragédias e alegrias. A HQ "Quaisqualigundum", lançada pelo selo Dead Hamster Comics, cria narrativas em cima dessas histórias de bebedeiras, dominó, bairros, sambas e amores perdidos.
Para fãs do músico, a obra é um prato cheio. É como ver os bastidores nunca revelados das músicas de Adoniran. Por que Inês largou Mané em "Apaga o Fogo Mané"? A história "Mané e Marinez" mostra um homem altruísta tão preocupado em ajudar aos próximos que esquecia de dar atenção a quem lhe era mais importante.
Há também uma versão de "Samba do Arnesto", aquele que combinou de encontrar o pessoal e não apareceu, e da "Saudosa Maloca" que serve de abrigo a três amigos antes de ser destruída.
Os causos ganham vida tanto com o roteiro de Roger Cruz como a arte de Davi Calil. O traço mostra grande atenção para detalhes como a arquitetura que ainda hoje encontramos no centro de São Paulo, e até mesmo os trechos menos realistas --em particular aqueles feitos em aquarela-- ajudam a dar uma atmosfera particular à HQ.
"Quaisqualigundum" é claramente uma obra para quem já é fã de Adoniran, uma vez que quem não conhece as letras do sambista paulistano pode não captar as referências diversas, como saber quem é Joca e Mato Grosso, os célebres personagens da "Saudosa Maloca". O próprio nome do livro é uma alusão ao refrão de "Trem das Onze".
Mas a HQ traz um bom post-fácio biográfico para introduzir os neófitos, incluindo um texto do rapper Emicida sobre a relação do samba de Adoniran --que, como toda arte popular, demorou a ser considerado cultura séria-- com manifestações modernas como o hip-hop.
O quadrinho é um trabalho que faz você cantarolar as músicas de Adoniran Barbosa quando lê e querer ouvi-las de novo depois de terminar.
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