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"Ariano era um tesouro nacional", diz Verissimo; veja repercussão

Do UOL, em São Paulo

23/07/2014 18h27

Artistas de diferentes áreas e políticos lamentaram nesta quarta-feira (23) a morte de Ariano Suassuna, autor de livros como "O Auto da Compadecida" e "O Santo e a Porca". O escritor morreu nesta tarde, devido a parada cardíaca provocada por hipertensão intracraniana.

Eleito para a ABL (Academia Brasileira de Letras) desde 1989, Suassuna escreveu mais de 15 peças teatrais e seis romances ficcionais. Ele ficou conhecido nacionalmente por trabalhos como "O Auto da Compadecida", de 1955. A história --que virou minissérie da TV Globo em 1999 e foi adaptada para o cinema em 2000-- é uma comédia dramática na qual dois pobres sertanejos nordestinos, um mentiroso e o outro covarde, valem-se de pequenos golpes e biscates para conseguir tocar a vida.

Traduzido para diversas línguas --como alemão, espanhol, inglês e até mesmo polonês--, Suassuna construiu uma obra que mescla características do modernismo, simbolismo e barroco com traços típicos da cultura nordestina, como a literatura de cordel. Elementos da região, como a improvisação, são bastante comuns em seus textos. Foi um dos criadores, em 1970, do Movimento Armorial, que mistura literatura, dança, teatro, música e outras manifestações artísticas para se fazer arte erudita a partir da cultura da região.

A Academia Brasileira de Letras (ABL), da qual Suassuna fazia parte, decretou luto de três dias pela morte do escritor.

Dilma Rousseff, presidente da República, em comunicado
"O Brasil perdeu hoje uma grande referência cultural. Escritor, dramaturgo e poeta, Ariano Suassuna foi capaz de traduzir a alma, a tradição e as contradições nordestinas em livros como Auto da Compadecida e Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta. A obra de Suassuna é essencial para a compreensão do Brasil. Guardo comigo ótimas recordações de nossos encontros e das suas histórias.Aos familiares, amigos e leitores, meus sentimentos neste momento de perda".
 
Luis Fernando Veríssimo, escritor, à GloboNews
"Ariano era um tesouro nacional. Mais do que escritor: compositor, um ícone da cultura brasileira. É uma tristeza. Além do trabalho original, seu trabalho fazendo traduções, conhecia muito de história do Nordeste. Não era só um escritor, era muito mais do que isso".
 
João Falcão, diretor e roteirista, à GloboNews
"A gente tinha muito cuidado [ao adaptar "O Auto da Compadecida" para a TV], ele era aquela coisa intocável. Pensávamos: 'Será que ele vai aprovar?'. Ele foi de uma generosidade com a gente, muito grande. A gente colocou passagens de outras obras dele na minissérie, que acabou virando filme. A gente tinha muito respeito por ele".
 
"E o Brasil ficou mais pobre. E triste. Ariano, poeta entendedor do Brasil profundo. Defensor de nossa riqueza cultural e emocional. Sua obra descomunal fica para sempre. Tive a honraria graúda de dar vida a um de seus passarinhos (era como se referia a seus personagens queridos). Chicó fui eu, Chicó é Ariano, Chicó é tu. Chicó e João Grilo têm morada no coração dos brasileiros".
 
Geraldo Holanda Cavalcanti, presidente da ABL, em comunicado
"A morte de Ariano Suassuna confrange e entristece a Academia Brasileira de Letras. No espaço de um mês, é o terceiro grande acadêmico que parte. Estendemos à família de Ariano nossos profundos sentimentos de pesar. E à multidão de seus amigos, leitores e admiradores no Brasil e no mundo, nossa solidariedade  pela imensa perda. Ariano reunia em sua pessoa as extraordinárias qualidades de homem de letras e de intelectual no melhor sentido da palavra, alguém que, dispondo de uma cultura invulgar, era, ao mesmo tempo, um homem de ação. À sua maneira ocupava-se e preocupava-se com os problemas sociais, focado nos da sua região. Não podemos esquecer seu engajamento com o Movimento Armorial, através do qual buscava revigorar a identidade nordestina, especificamente a pernambucana e suas peregrinações levando, com humor, sua mensagem por todo o Brasil". 
 
João Lyra Neto, governador de Pernambuco, em comunicado
"Foi com profundo pesar que recebi a notícia da morte do escritor Ariano Suassuna. Paraibano de nascimento, pernambucano de coração, já que morou no Recife por mais de 70 anos de sua vida. É um dia muito triste para todos nós, pernambucanos, nordestinos e brasileiros, uma perda inestimável para nossa literatura e nossa cultura, que nesta mesma semana já havia sofrido as ausências de João Ubaldo Ribeiro e Rubem Alves, e ainda neste mês a perda de Ivan Junqueira (...). Além de um grande dramaturgo e escritor, Ariano também foi um grande militante político. Era presidente de honra do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e apoiador de primeira hora da campanha de recondução do governador Miguel Arraes após o período de exílio, e posteriormente das campanhas de Eduardo Campos. O bom humor sempre foi sua marca, somada a profundos conhecimentos do imaginário popular e uma inteligência muito acima da média. A obra de Ariano permanecerá eterna na mente de todos nós que convivemos com ele, mas tenho certeza de que também será lembrada e venerada pelos mais jovens e pelas futuras gerações".
 
Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência, em frente ao hospital
"O que eu mais aprendi com ele foi ter fé no Brasil, ter fé no nosso povo, respeitar a cultura. Ariano também foi um grande professor, não só na universidade, mas na vida. E eu tive o privilégio de ser aluno dele. Ariano para nós é um tio, um avô, um pai, um amigo, um companheiro, uma referência. É uma lacuna muito grande. Eu me despedi hoje dele aqui agradecendo tudo que ele fez por muitas pessoas, sobretudo à cultura brasileira. Hoje é o dia de aplaudir uma vida tão bela como a vida dele. A vida de Ariano foi tão bonita quanto as suas obras. Eu tive o privilégio de conhecer as obras e a vida de um grande homem, Ariano Suassuna. A saudade é enorme".
 
Geraldo Julio, prefeito de Recife, em frente ao hospital
"Sua obra é uma obra que alegrou tantas pessoas. É muito difícil a gente juntar Ariano com um momento triste, é uma coisa que não encaixa. Foi um professor de felicidade, de alegria, de coisas boas. E a gente fica meio desnorteado para poder relacionar um momento de tristeza a Ariano e ao que ele construiu em sua vida e sua obra. Mas depois desse sofrimento que todos nós estamos sentindo, ele vai deixar muito boas lembranças, que ainda vão alegrar a vida de muita gente. Acho que esse é o principal desejo dele, que sua obra possa enriquecer a cultura, enriquecer as pessoas, servir de exemplo, abrir portas. Quem teve o provilégio de desfrutar da convivência, da amizade, da proximidade de Ariano, hoje está muito triste, mas certamente foi uma pessoa muito privilegiada. Eu, especialmente, vivi muito intensamente nesses últimos anos essa aproximação que tive com ele e vou carregar esses últimos momentos com muita intensidade. É uma pessoa que ensinou muito a muita gente e eu fui um dos que teve o privilégio de ter aproximação com ele. Ariano foi mais do que um artista, foi um líder que engrandeceu muito a cultura aqui em Pernambuco e no Brasil inteiro".
 
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, em comunicado
"É imensa a tristeza de receber a notícia de que um amigo tão querido como Ariano Suassuna nos deixou. Este paraibano de língua afiada, alma solidária, escrita ao mesmo tempo simples e profunda, sempre nos honrou com sua amizade. Ariano fez muito pelo povo brasileiro através de suas palavras, sabedoria popular e compromisso político. Um escritor premiado e reconhecido, que nunca se esqueceu que era um homem do povo. Cresceu no sertão do nordeste e traduziu tantas vezes em seus textos as alegrias e os sofrimentos dos brasileiros. Ariano representou com coerência e grandeza a cultura do nordeste e do país. Com enorme tristeza, me solidarizo com seus familiares, amigos e admiradores. Como escritor e como militante das causas populares, Suassuna continuará vivo em nossos corações".
 
Zuenir Ventura, escritor, à GloboNews
"Em menos de 15 dias, Ubaldo e Suassuna. Um choque para a cultura brasileira. Ele erra um show de inteligência. Não era só dramaturgo, era um homem de teatro, um grande ator, um espetáculo em si. A figura se perde, mas as obras vão ficar. O Ariano tinha essa coisa generosa, de uma exuberância, de um talento. Ele e o Ubaldo revelaram a cultura do Nordeste para o Brasil e para o mundo".
 
Lya Luft, escritora, à GloboNews
"Era um desbravador, do Brasil inteiro, com uma grandeza, efervescência. Ele mostrou não só alegria, mas o  drama do Brasil. Como pessoa, era querido como poucos. Era um dos últimos patriarcas da nossa literatura. Era uma pessoa  insubstituível na literatura. Estamos todos de luto".
 
Xico Sá, escritor, no Twitter
"Suassuna e Cervantes, meus picarescos prediletos. A Pedra d´O Reino e D. Quixote são os livros mais doidões do planeta. Você não sabe o que tá perdendo".
 
Marina Silva, candidata a vice-presidente, no Facebook
"Ariano Suassuna é um daqueles casos raros de escritor que a gente se apaixona não apenas pela obra, como também pelo autor da obra. E eu, que já era apaixonada pelos seus escritos, tive o privilégio de, há poucos meses, conhecê-lo pessoalmente. Me senti gratificada pela humildade de Suassuna consigo mesmo, quase alheio à importância que todos lhe damos, os que nem sempre são tão brilhantes quanto ele. Que neste momento, Deus possa confortar seus familiares e seus inúmeros amigos e admiradores".
 
Renan Calheiros, presidente do Senado, em comunicado
"A morte do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna é uma perda irreparável para a cultura nacional. Ao longo de 87 anos, Ariano soube como poucos revelar as nuances da cultura nordestina.  Paraibano, fundou o Movimento Armorial nos anos 70, que tinha como objetivo utilizar a cultura popular para formar um arte erudita. A perda do escritor nos silencia, mas seus livros o eternizam na nossa memória. Em cada peça popular, em cada canto nordestino, Ariano Suassuna, reviverá".
 
Aldo Rebelo, ministro do Esporte, em comunicado
"Faleceu o grande brasileiro e patriota Ariano Suassuna. Perdemos uma das inteligências mais lúcidas da pátria, e o futebol perdeu um torcedor ilustre. Lembro-me da última vez em que almoçamos juntos no Recife, às vésperas do jogo entre o Palmeiras e o Sport Club do Recife, pela Libertadores da América de 2009. Na ocasião, Ariano vestia orgulhosamente a camisa do Leão da Ilha do Retiro. O grande escritor, poeta, dramaturgo e artista plástico deixa lições inesquecíveis de amor ao Brasil e ao povo brasileiro".
 
Anísio Brasileiro, reitor da Universidade Federal de Pernambuco, em comunicado
"A Universidade Federal de Pernambuco recebe, comovida, a notícia do falecimento do escritor Ariano Suassuna, seu inesquecível professor de Estética, desde 1957 até sua aposentadoria em 1989. O talento profundo de Ariano Suassuna encantou gerações de estudantes da UFPE e suas aulas ficarão para sempre na memória de todos nós. Recentemente, num depoimento que faz parte do catálogo internacional da UFPE, Ariano Suassuna revelou como a instituição foi importante para ele, desde o momento em que, ainda estudante da Faculdade de Direito, criou seu primeiro grupo de teatro, ao lado de Hermilo Borba Filho. O Brasil fica menos feliz e menos popular com a partida de Ariano Suassuna. Caberá a nós cuidar de cultivar as belas sementes que ele plantou".
 
Luiz Fernando Pezão, governador do Rio, em comunicado
"O mundo das artes e letras brasileiras fica ainda mais triste esta semana com a morte de Ariano Suassuna. Como poucos, Ariano conseguiu misturar o erudito com o popular. Seus romances, peças, poesias nos levam a um sertão fantástico e inesquecível, que nos fez amar mais o Brasil e querer ser protagonista de nossa própria cultura. O nosso querido Suassuna trouxe para a literatura brasileira a riqueza do interior do Nordeste. Por intermédio de sua arte, levou a milhões de brasileiros mais que palavras e expressões. Mestre Ariano decifrou, com sua sensibilidade, brasilidades. Rendo minhas homenagens a esse grande contador de histórias. Que a genialidade de Suassuna possa servir de inspiração a todos nós! Muito obrigado pelos mundos mágicos que você criou".
 
Karina Buhr, cantora, compositora e atriz pernambucana, ao UOL
"É uma figura muito importante, um personagem mítico. Ariano faz parte dos personagens fantásticos que ele próprio criou. Até o boato anterior sobre a morte dele faz parte desse universo dele, algo que existe em paralelo e que não morre. Ele era contra os rótulos e tudo o que ele dizia era muito forte e rico, mesmo que não concordasse com suas opiniões. Já vi muitas aulas dele e é uma coisa maravilhosa, é algo que ninguém esquece nunca. Você pede pra ele falar sobre o que ele adora e é maravilhoso. Você pede pra ele falar sobre algo que odeia e às vezes é melhor ainda".
 
Serginho Groisman, apresentador, no Twitter
"Ariano Suassuna. Paraibano-Recifense-Brasileiro que nos orgulha para sempre. Fica em paz".
 
Randolfe Rodrigues, senador, no Twitter
"O Homem nasceu para Imortalidade. A morte foi um acidente de percurso." Valeu Mestre Ariano!! Graças a Você Somos Todos Nordestinos!! E vivemos um Julho onde a inteligência brasileira perdeu:  Plínio, João Ubaldo, Rubem Alves e agora Ariano Suassuna. Termina logo esse mês".
 
Manuela d'Ávila, deputada estadual, no Twitter
"Descanse em paz, Ariano Suassuna! O Brasil amou mais ao Brasil e tornou-se mais brasileiro contigo! Obrigada por tudo!"
 
Stepan Nercessian, ator e deputado federal, no Twitter
"Suassuna, Ubaldo, Junqueira, Tintim, Meu Deus, é muita gente boa morrendo dessa vez".
 
Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, no Twitter
"O Brasil perdeu hoje Ariano Suassuna. O legado do poeta e escritor seguirá influenciando as novas gerações".
 
Rafael Cortez, apresentador, no Twitter
"Ivan Junqueira, João Ubaldo e agora o Suassuna. 3 gênios da literatura indo em 3 semanas. Vem livro bonito no céu... Mas por aqui, que lástima!"
 
Otaviano Costa, ator e apresentador, no Facebook
"Eita...hoje vou ficá deitadinho, bem quietinho, pensando no sinhô. Durma em paz e olhe para o céu meu amor, pois hoje a noite estará linda. Descanse bem Suassuna, descanse em paz. Descanse"
 
Fernanda Paes Leme, atriz, no Instagram 
"Ele fica para sempre. Obrigada, mestre"
 
Fernanda Souza, atriz, no Instagram
"Obrigada por sua arte! Por nos divertir, nos estreter e nos ensinar. Seu talento e sua história estão em nossa memória e coração. Muito obrigada. 
 
Grazi Massafera, atriz e apresentadora, no Instagram
"Simplesmente sabedoria - 'Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver'"
 
Daniel Rocha, ator, no Instagram
"'O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso'". Meu primeiro contado com uma de suas obras foi aos 14 anos quando era um estudante de teatro, foi quando fazendo  'O Santo e a Porca' vi que queria ser ator para o resto da minha vida. E hoje se foi um mestre, um pensador e um dos maiores escritores do nosso país.
 
Samara Felippo, atriz, no Instagram
"'Não troco meu oxente pelo ok de ninguém'. Mestre, sua obra é eterna!!! Obrigado!!!"
 
Bianca Bin, atriz, no Instagram
"Muita luz para a viagem desse grande"
 
Letícia Lima, atriz, no Instagram
"Sei que todo mundo vai postar e muita gente vai achar chato. Mas acho incrível tanta gente poder ler tantas coisas incríveis que ele escreveu, mesmo em circunstâncias tão tristes... É dele a frase que sempre me inspirou pra fazer o que faço, do jeito que faço e como tento levar a minha vida!"
 
Sônia Abrão, apresentadora, no Instagram
"Em uma semana, o adeus a três grandes mestres da nossa literatura: João Ubaldo no dia 18, Rubem Alves no dia 19 e hj, dia 23, Ariano Suassuna! Triste mês de julho!!!"
 
Fafá de Belém, cantora, no Instagram
"No negro escuro da noite , um caminho de luz corta a escuridão. É meu amigo, mestre, conselheiro, gênio e louco Ariano com suas cabras e nossas lágrimas seguindo seu caminho"
 
Roberta Miranda, cantora, no Instagram
"Deus está hoje rodeado de poesia"
 
Suzana Pires, atriz, no Instagram
"Mestre do espírito leve e pensamentos sérios. Inesquecível. Fundamental. Imortal"