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Britânico Charles Esche é anunciado como curador da 31ª Bienal de SP

Charles Esche, nascido em Manchester, o curador da 31º Bienal de São Paulo. Imagem: Sofia Colucci/Divulgação

Mariana Pasini

Do UOL, em São Paulo

17/04/2013 10h21

A 31ª Bienal de São Paulo, que acontece em 2014, anunciou seu curador. O britânico Charles Esche, diretor do museu Van Abbe, em Eindhoven, na Holanda, foi confirmado pela instituição em coletiva nesta quarta-feira (17).

O curador deverá começar a preparar a mostra em maio deste ano e sua equipe será definida em três meses. Duas pessoas de seu time já estão definidos: o espanhol Pablo Lafuente e a israelense Galit Eilat. Esche já tem ideias de algumas outras pessoas para convocar e espera chegar num time de 7 ou 8 pessoas, incluindo brasileiros.

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"E não serão apenas curadores, haverá arquitetos, pessoas designadas para tratar da informação ao público etc.", explica o curador. O britânico acha importante que tanto o "seu" time quanto o pessoal da Bienal trabalhem juntos. "Discutiremos tudo. No final eu faço as decisões, mas elas vêm realmente de discussões. É assim que eu trabalho, como parte de um time."

Primeira Bienal sem Niemeyer
Durante o evento de apresentação do novo curador, Esche lembrou que esta será a primeira Bienal sem Oscar Niemeyer – que projetou o prédio localizado no Parque Ibirapuera –, morto no ano passado.

"O prédio [da Bienal] não é mais um monumento vivo, agora é um monumento histórico", disse o curador, que declarou que vai "brincar" com a arquitetura do prédio da Bienal. Esche já tem algumas ideias encaminhadas sobre esse projeto: quer trazer de volta as divisões entre andares, ao invés de passar a sensação de que todos são parecidos entre si. "Gostaria que a experiência visual seja diferente de um [andar] para o outro."

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O prédio [da Bienal] não é mais um monumento vivo, agora é um monumento histórico. Gostaria que a experiência visual seja diferente de um [andar] para o outro. Eu e meu time discutiremos tudo. É assim que eu trabalho, como parte de um time.

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Charles Esche, curador da 31º Bienal de São Paulo

Esche disse ainda que pretende se reunir com a comunidade, para "aprender" e ensinar com o público.

Perguntado sobre quais artistas brasileiros conhece e aprecia, o curador não quis dizer nenhum nome, para não ser "injusto" com ninguém. Também não disse quantos artistas – brasileiros e estrangeiros – participarão da próxima Bienal.

Esche diz ter começado a se interessar por arte no final dos anos 1980, após uma desilusão com a política, que até então estudava. "Era um jeito de pensar no futuro nao tão restrito quanto o discurso político", diz. Nascido em Manchester, mudou-se para a Escócia perto dos vinte anos, e define o país como "o que eu gosto de chamar de casa". Ele afirmou durante a coletiva que poderá contribuir para a Bienal como "uma pessoa que sabe muito sobre a arte da Ásia, Europa e Oriente Médio".

Segundo a organização da Bienal, o processo de escolha do curador teve início em novembro de 2012. Foram avaliados 14 profissionais. Cinco deles receberam solicitação para envio de projetos, e dois destes foram convidados a participar de reuiniões na sede da Bienal.

Esche disse que não vai abandonar os cargos de diretor no museu holandês e na publicação "Afterall Journal and Books". “Serei um diretor ausente do museu. Isso poderá deixar algumas pessoas bravas”, disse aos risos. O curador ficará baseado no Brasil e viajará para a Europa para os compromissos das outras instituições.

Mesmo sendo diretor do Van Abbe, ele afirma que não quer que a Bienal tenha cara de museu. “Museus devem ser uma ferramenta para entender o mundo. A Bienal é o que é, uma plataforma. Mas às vezes é chato, não por causa da Bienal, mas do conteúdo.”

Esche trabalhou nas bienais de Istambul (na Turquia, em 2005), Riwaq (na Palestina, em 2009 e 2007), Ljubljana (na Eslovênia, em 2010) e  Gwangju (na Coreia do Sul, em 2002).

Em 2011, ele foi um dos responsáveis pela exposição "Picasso na Palestina", que levou a tela "Buste de Femme" (1943), de Pablo Picasso, à Academia Internacional de Artes da Palestina, em Ramallah, na Cisjordânia.

Inadimplência e orçamento

Segundo o presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Luis Terepins, o orçamento do evento em 2014 deve ser próximo ao da Bienal passada, entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões.

Ele afirmou também que a Bienal continua inadimplente, mas deverá reverter a situação na virada do mês e que está tranquilo em relação a isso. No ano passado, a Fundação Bienal  foi declarada inadimplente e o MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) foi a entidade escolhida para gerir a 30ª edição do evento.

"Bienal do vazio"

Sobre a Bienal de 2008, conhecida como a "Bienal do vazio", na qual um andar inteiro deixou de ser ocupado por obras, Esche avalia que foi uma "solução boa para um problema, que era o da falta de dinheiro". "Acho que, se tivesse dinheiro, teriam feito uma Bienal diferente. Você tem que avaliar o contexto [da 'Bienal do vazio']. Foi um gesto sobre os problemas financeiros da instituição, e nesse sentido foi interessante, mas não acho que foi o ideal."

Em 2012, a 30º Bienal teve curadoria do venezuelano Luiz Pérez-Orama. "Quisemos fazer uma Bienal clara, não transparente, inteligente, não bombástica. Sem confronto pelo confronto", declarou na ocasião.

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