Vera Holtz se destaca na peça "Palácio do Fim", dirigida por José Wilker
Antes de tocar o terceiro sinal, os atores Antônio Petrin, Camila Morgado e Vera Holtz entraram em cena e se posicionaram no cenário de estrados. Barulho de ventilador. Outros sons de guerra. Música. As luzes embaixo do cenário acendem e pequenos focos iluminam partes dos atores. A peça “Palácio do Fim” vai começar.
“Eu moro em Brasília, mas tenho amigos que moram em Curitiba. Então, na hora de escolher a data pra visitá-los, escolho a época do Festival de Curitiba para curtir a programação. Ontem assisti a uma que eu não gostei, então, estou bem ansiosa para ver essa. Li que era um drama. Acho as atrizes Camila Morgado e Vera Holtz muito boas. Vamos ver”, contou a funcionária pública Eliane Coelho. A direção é de José Wilker e ele passa por nós, indo para a cabine de iluminação. As luzes da plateia se apagam.
São três histórias escritas pela dramaturga canadense Judith Thompson. No original, os três monólogos estão separados. Na montagem brasileira, as cenas estão intercaladas. Vemos um pouco da história da oficial norte-americana Lynndie England (Camila Morgado), depois do inspetor de armas inglês David Kelly (Antônio Petrin) e, por fim, da ativista iraquiana Nerhjas al Saffarh (Vera Holtz). Então, retorna do início e por aí vai.
A Lynndie England é aquela soldado americana que ficou conhecida ao ser fotografada com um prisioneiro de guerra nu numa coleira. Na versão da peça, ela agora está grávida, aguardando o julgamento. O David Kelly é um cientista britânico que foi inspetor da ONU no Iraque e que sabia sobre as armas de destruição de massa iraquianas. Nerhjas al Saffarh é uma mãe de família que viu seu filho morrer, sendo torturada junto com eles por não dizer onde estava o seu marido, um revolucionário iraquiano. O clima é tenso durante toda a apresentação, ouvem-se soluços e muito, muito silêncio.
A atriz Camila Morgado no papel da soldado Lynndie England
“A gente fica sem fôlego. A história é triste, mas é história. Isso realmente aconteceu e acontece. Foi um ótimo espetáculo. Os atores estavam ótimos. Eu gostei mais da Vera Holtz,” avalia o comerciante Jefferson Pereira. De fato, Vera Holtz foi considerada pela crítica uma das melhores atrizes do ano por esse personagem. A peça recebeu o Prêmio APTR 2011 de melhor espetáculo.
“Foi muito legal. O público daqui de Curitiba é muito caloroso. A gente estava com medo, porque o palco é grande, é um teatro muito grande e lá no Rio a gente fazia para plateias menores,” conta José Wilker quando a peça termina. No fundo do palco, a imagem da bandeira do Iraque e a foto da personagem de Vera Holtz. “A gente optou por terminar com a imagem dela, porque a vida continuou para os Estados Unidos de Lynndie England e para o Reino Unido de David Kelly, mas acabou para o Iraque, acabou para Nerhjas al Saffarh.”
Antônio Petrin como o cientista David Kelly
O Festival de Curitiba 2012 entra agora na segunda semana e vai até dia 8 de abril. “Estamira – Beira do Mundo”, “Judy Garland”, “Júlia” e “O Jardim”, além de vários outros bons espetáculos estão por vir.
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