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Comédia dirigida por Marcelo Rubens Paiva debate tema das redes sociais

Maria Ribeiro e Marcos Damigo em cena da peça "Deus é DJ", de Marcelo Rubens Paiva (30/3/12) - Vicente de Mello/Divulgação
Maria Ribeiro e Marcos Damigo em cena da peça "Deus é DJ", de Marcelo Rubens Paiva (30/3/12) Imagem: Vicente de Mello/Divulgação

Rodrigo Monteiro

Do UOL, em Curitiba

30/03/2012 10h53Atualizada em 30/03/2012 11h26

Teatro da Reitoria – Curitiba. Sala de espera lotada. Fila, ansiedade, aperto. Com 15 minutos de atraso, o público entra na plateia para assistir a mais um espetáculo do 21º Festival de Curitiba. “Deus é um DJ” traz Marcos Damigo, o homossexual Hugo de “Insensato Coração”, e Maria Ribeiro, a princesa Mical de “Rei Davi”, estão no elenco.

“Escolhemos a peça pelo título. Gostamos muito de teatro e o Festival é programa garantido todo ano” – relatam Maria José Andrade Silva e Zéa Ratton, ambas aposentadas, ansiosas pelo início do espetáculo.

Damigo e Ribeiro pedem desculpas pelo atraso, liberam as cadeiras numeradas e convidam as pessoas a se sentarem o mais próximo possível do palco. E avisam: é permitido deixar o celular ligado, mas, se um aparelho tocar, eles irão querer participar da conversa. Deixam claro também que o público poderá participar da peça, comentar, falar se sentir vontade. O clima é bastante acolhedor.

“Eu li na sinopse que a peça seria sobre Facebook, redes sociais. Me interessei. Já ouvi falar em Marcelo Rubens Paiva, mas não o conheço. Vamos ver o que vai ser” – adianta a designer Marcele Minozzo antes da peça começar.

Público não para

Autor de vários livros, incluindo “Feliz Ano Velho”, Marcelo Rubens Paiva dirige sua quarta peça teatral.  Antes de “Deus é um DJ”, vieram “Lá fora, algum pássaro dá bom dia”, “O predador entra na sala” e “As meninas que os homens contam”. O diretor parece apreensivo. “A gente costuma apresentar para um público de, no máximo, 50 ou 60 pessoas. No teatro onde estávamos, o espaço era pequeno, as pessoas ficam muito próximas. Aqui é essa multidão, esse teatro grande, esse palco enorme. Vai ser um desafio!” – observa Paiva.

Ao longo dos 80 minutos, o público não pára. As pessoas participam voluntariamente do espetáculo, fazendo pedidos, questionando, protestando. A história é a seguinte: um casal vende para um grupo de poderosos a própria imagem durante três meses. Presos em um minúsculo apartamento, a dupla formada por um DJ e uma VJ está rodeada por várias câmeras ligadas 24 horas por dia. Escrito em 1998, um ano antes do Big Brother, quando não existiam as redes sociais e a internet estava ainda engatinhando, o texto do alemão Falk Richter já foi traduzido para mais de 30 idiomas ao redor do mundo. O tema é muito mais atual hoje do que era quando foi escrito.

Muita exposição

Sem nunca sair de cena, são os atores que acendem e apagam as luzes, ligam e desligam as músicas que fazem parte da encenação. Improvisações, jogos, o acaso pertence ao universo da peça. É um teatro que não parece teatro, mas um reality show ao vivo. O público se diverte sem saber se as histórias que os personagens contam são verdadeiras ou apenas invenção da cabeça deles para parecerem legais diante das câmeras. Maria José, Zéa e Marcele aplaudem o fim da peça. Na plateia, também, o próprio diretor Marcelo Rubens Paiva e o ator Caio Blat, marido de Maria Ribeiro, estão felizes.

“Eles foram ótimos. Eu não teria coragem de fazer uma peça assim. É muita exposição. O Marcos e a Maria ficam expostos demais, completamente vulneráveis diante da plateia. É incrível!” – diz Blat. “Foi uma catarse! A receptividade do público foi ótima! As pessoas aplaudiram em cena aberta, gostaram do espetáculo!” – avalia o diretor.

Esperando Marcos Damigo sair do camarim, seus pais estão orgulhosos. “A gente não conseguiu ver a peça no Rio, mas sabemos que lá era em um teatro pequeno, a peça acontecia numa redoma de vidro. Aqui foi esse teatrão lotado, cheio de gente. Que bom! O Marcos gosta muito do Festival e está feliz em participar!” – diz o casal José Umberto Damigo e Maria Amélia Nogueira, pais do ator, moradores de Curitiba.

O primeiro final de semana do Festival de Curitiba 2012 está começando. “O Casamento”, “Obituário Ideal”, “Rosa” e “Palácio do Fim” são algumas das peças que estão por vir. Hoje tem mais uma apresentação de “Deus é um DJ”.


Deus é um DJ - Festival de Teatro de Curitiba                                                                                                                           
Onde: Teatro da Reitoria, Curitiba
Quando: 29 e 30 de março, às 21h
Quanto: R$25 e R$50
Mais informações: http://www.festivaldecuritiba.com.br/