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Um mês após incêndio, Notre-Dame ainda não recebeu doações prometidas

Interior da Catedral de Notre-Dame após incêndio  - Philippe Lopez/Pool/AFP
Interior da Catedral de Notre-Dame após incêndio Imagem: Philippe Lopez/Pool/AFP

15/05/2019 14h59

As doações no total de 850 milhões de euros (cerca de R$ 3,8 bilhões) prometidas para a restauração da Catedral de Notre-Dame após o incêndio que a devastou em abril ainda não foram recebidas pelas fundações escolhidas para recebê-las, disse hoje o ministro da Cultura da França, Frank Riester.

"É cedo demais para concluir que temos dinheiro suficiente ou demais para a restauração. Pode ser que haja uma diferença entre as promessas de doação e o pagamento dos donativos", disse Riester após visitar a catedral, em parte destruída e ainda fechada ao público.

O ministro comentou assim a decisão unilateral da Fundação Patrimônio, uma das quatro oficiais responsáveis pelas coletas, que deu por encerrada a arrecadação após ter obtido 218 milhões de euros em doações.

"É prematuro tomar uma decisão semelhante. Além disso, não temos ainda um número sobre as obras de restauração. Devemos permanecer mobilizados. Esta generosidade com as fundações deve continuar para garantir que sejam suficientes", argumentou.

Já o Arcebispado de Paris destacou em comunicado que o número não foi consolidado por nenhuma fundação e nem autoridade.

Notre-Dame fogo - Fabien Barrau/AFP - Fabien Barrau/AFP
Catedral de Notre-Dame pega fogo em Paris
Imagem: Fabien Barrau/AFP

"Embora não sejam questionadas as promessas de doações mais importantes por mecenas de renome que se comprometeram publicamente, a maior parte ainda não foi concretizada", frisou o Arcebispado.

Entre as promessas de doação que totalizam 850 milhões de euros, estão os 100 milhões de euros e 200 milhões de euros, respectivamente, das famílias Pinault e Arnault, proprietárias dos conglomerados de luxo Kering e LVMH.

Além disso, Riester lembrou que as arrecadações da Fundação da França, da Fundação Notre-Dame e do Centro de Monumentos Históricos estão disponíveis desde a noite de 15 de abril.

Além de Riester, visitaram o edifício hoje o deão da Catedral, Patrick Chauvet, o arquiteto chefe da restauração, Philippe Villeneuve, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, que visita Paris.

Embora o Ministério Público de Paris não tenha descartado nenhuma hipótese, a versão predominante é de que o incêndio começou por conta de um curto-circuito.

Um pequeno robô, auxiliado por um braço de recuperação de elementos e uma câmera de alta definição, busca indícios entre os destroços da cobertura.

Por enquanto, segundo o jornal Le Figaro, não foram encontrados traços de hidrocarbonetos ou de outro tipo de aceleradores que pudessem levar a uma tese de incêndio provocado.

Grandes lonas protegem a catedral das chuvas e garantem a preservação dos vitrais e do órgão, como mostram as primeiras imagens de vídeo de seu interior divulgadas pela rede americana ABC, ao mesmo tempo que arquitetos divulgam suas propostas de restauração em redes sociais.