James Cameron: 'Entender coração e mente das mulheres é o desafio do homem'
O cineasta James Cameron, responsável por algumas das maiores bilheterias da história do cinema, disse à Agência Efe que "entender como funciona o coração e a mente das mulheres é o grande desafio do homem nesta civilização" ao apresentar a sua mais recente produção, "Alita: Anjo de Combate", que chega aos cinemas brasileiros no dia 14 de fevereiro.
Em entrevista em Londres, Cameron explicou que se propôs a "decifrar esse código" ao escrever o roteiro da nova ficção científica futurista, dirigida pelo amigo Robert Rodríguez e baseada no mangá dos anos 90 do japonês Yukito Kishiro.
O longa-metragem, produzido por Cameron e Jon Landau, que também foi seu colaborador em "Avatar" e "Titanic", narra a evolução e as aventuras da ciborgue Alita, uma jovem adolescente que acorda sem lembranças em um mundo pós-apocalíptico, três séculos depois de uma catástrofe tecnológica.
Com a ajuda do doutor Dyson Ido (Christoph Waltz), que reconstrói o seu corpo danificado, Alita (Rosa Salazar) vai lembrando o seu passado e seu verdadeiro espírito de lutadora, com o qual tentará mudar a ordem estabelecida.
Com uma estética ciberpunk - que mistura decadência e alta tecnologia -, músicas pesadas e efeitos especiais, o filme apresenta uma trama de suspense com muita ação e personagens surpreendentemente sólidos, principalmente a protagonista.
"Sempre gostei das personagens femininas fortes, mas esta era diferente. Por se tratar de uma adolescente, passa por grandes momentos na sua transformação para mulher, precisa encontrar a sua identidade, o seu lugar no mundo", contou o cineasta canadense.
Cameron revelou que, quando há 20 anos foi apresentado ao mangá de Kishiro pelas mãos do amigo Guillermo del Toro, pensou imediatamente em levá-lo ao cinema, por sua filha, que tinha 6 anos.
"Pensei: 'tenho que fazer algo para ela, devo ver o mundo através dos olhos de uma mulher jovem, que cresce e encontra o seu lugar', e me pareceu que esta era a maneira de fazer isso, mediante a fantasia e a ficção científica", afirmou.
Embora tenha se apaixonado pelo tema, o projeto cinematográfico ficou parado durante vários anos, enquanto Cameron completava outras obras, até que um dia decidiu convidar Rodríguez para dirigir o filme.
"Eu sabia que ele era a pessoa adequada para fazer um grande filme quando me ajudou com o roteiro. Reduziu as minhas 189 páginas para 129 sem excluir nada fundamental da história", contou.
Cameron disse que o filme "não teria saído" se não tivessem encontrado em Rosa Salazar a atriz ideal para interpretar Alita, capaz de combinar ingenuidade, generosidade e força, ou se as imagens geradas por computador (CGI) "não tivessem funcionado".
Salazar, cuja atuação foi processada com tecnologia de captura de movimento, teve que se colocar na pele de uma menina "ingênua e muito aberta emocionalmente, que à medida que descobre o seu passado ganha confiança e se torna mais complexa".
Na opinião do cineasta, o interessante de Alita como heroína é ser combativa, mas com um grande coração: "Ela luta para proteger os que gosta, ou seja, o amor em primeiro lugar".
"Não é uma guerreira desalmada, não é uma máquina, embora tenha um corpo cibernético, mas o contrário. Por isso, quando se pinta a cara com sangue, como no cartaz publicitário, é sangue de inocentes", relatou.
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