Diretor do balé do Bolshoi diz que pode conciliar trabalho e reabilitação

O diretor do balé do Bolshoi, Sergei Filin, anunciou nesta terça-feira que conciliará seu trabalho profissional com a reabilitação das lesões do ataque com ácido que sofreu ainda em dezembro de 2012.

"Meu tratamento médico ainda não terminou. Meus dois olhos estão sob observação", declarou Filin, quem deseja reassumir a direção do balé após nove meses de convalescença.

Filin, que retornou no último sábado à Rússia vindo da Alemanha, onde foi submetido a 23 operações para recuperar sua visão, destacou que ainda passará por novas cirurgias no futuro.

"Haverá épocas em que eu terei que me ausentar por mais tempo, cinco ou seis dias, principalmente em casos de cirurgia. Ainda temos várias operações planejadas", afirmou.

A porta-voz do Bolshoi, Yekaterina Novikova, explicou que "o trabalho de Filin dependerá de seu estado de saúde".

"Vejo o suficiente para me sentir seguro de mim mesmo", declarou o diretor na última semana.

Filin, que teria recuperado 80% da visão de seu olho esquerdo, mas não do direito, com o qual quase não vê, participou hoje da seleção dos integrantes da companhia para nova temporada.

"Assim que Sergei estiver oficialmente são e em condição de assinar documentos, nos sentaremos e discutiremos todas as questões, incluindo quem dirigirá a companhia de balé", declarou Vladimir Urin, diretor-geral do Bolshoi.

Por enquanto, Galina Stepanenko seguirá exercendo a função de diretora interina deste mítico balé, que, por sinal, esteve imerso em uma espiral de escândalos durante os últimos anos.

"Encontro-me bem, já que, de outro modo, não poderia nem ter voado", assegurou Filin. "Pouco a pouco vou melhorando. Eu posso ver-lhes. O olho esquerdo pôde ser estabilizado... Com ele, eu posso ver o que passa no palco e voltar ao trabalho", completou o diretor em sua chegada à capital russa no último sábado.

O diretor artístico do lendário balé ficou praticamente cego por causa do brutal ataque registrado na noite do dia 17 janeiro, quando um agressor, supostamente contratado pelo dançarino Pavel Dmitrichenko, jogou ácido em seu rosto.

Segundo a acusação, o dançarino teria encarregado o ataque contra Filin ao considerar que o diretor da companhia relegava a um segundo plano sua esposa, a também dançarina do Bolshoi Angelina Vorontsova.