Viu o trailer e ficou sem entender? Tarantino e elenco explicam "Era Uma Vez em... Hollywood"
O diretor Quentin Tarantino e os atores Brad Pitt, Leonardo DiCaprio e Margot Robbie explicaram hoje, em coletiva de imprensa no Festival de Cannes, os detalhes das filmagens de "Era Uma Vez em... Hollywood", que disputa a Palma de Ouro e é um dos filmes mais comentados do festival.
Por que retomar a trágica história de Sharon Tate?
No longa, Tarantino reserva um papel coadjuvante a Sharon Tate (Margot Robbie), assassinada em 1969 por membros da seita da Família Manson, quando estava grávida de Roman Polanski.
"Decidi que Sharon e Polanski seriam vizinhos de Rick (DiCaprio), primeiro porque isso me permitiria criar um contexto dramático. Sabemos que acontecerá algo nessa rua. Além disso, Sharon e Roman representam uma Hollywood inalcançável para Rick. Isso é algo frequente (em Los Angeles), ver como sucesso e fracasso, glória e queda convivem. No meu filme, é metafórico e literal", explicou o diretor.
"Sharon era uma atriz encantadora, isso é algo que eu quis destacar. Eu nunca quis mostrá-la de outra maneira. Ela poderia ter se tornado uma intérprete maravilhosa. Se ela não tivesse sido vetada pelos produtores, Polanski a teria incluído em "O bebê de Rosemary" e Warren Beatty me disse que esteve a ponto de ser sua companheira em "Bonnie & Clyde"
Escrever para Brad Pitt, Leonardo DiCaprio e Al Pacino
Pensei imediatamente em Leonardo e Brad. Eles estariam disponíveis? Eu achava que não, por isso, me considero o mais sortudo dos diretores. Além disso, se eu tivesse que escolher entre ganhar a segunda Palma de Ouro ou vê-los recompensados com um prêmio duplo de interpretação masculina, eu ficaria com a segunda opção", disse Tarantino.
"Dirigir Al Pacino também foi emocionante. Eu escrevi especialmente para ele personagem do produtor Marvin Schwarz. Eu sonhava ouvi-lo pronunciar as palavras que havia escrito para ele".
Recriar Los Angeles
Tarantino decidiu reconstituir Los Angeles de 1969 sem recorrer a efeitos especiais digitais, "salvo para eliminar alguns elementos demasiadamente contemporâneos". "Não acho que ninguém conseguirá fazer o que eu tive a sorte de poder fazer. Em três anos, Los Angeles terá mudado tanto que será necessária uma reconstituição digital".
"Os momentos mágicos para mim foram quando rodávamos quase no mesmo lugar onde meus pais viveram quando chegaram a Los Angeles e que Quentin reconstituiu de maneira idêntica", disse DiCaprio.
O olhar de um menino
Sobre o tom melancólico do filme, Tarantino acredita que era "a melhor pessoa para explicar essa história".
"Se outro diretor tivesse sido adulto em 1969, a teria explicado de outra maneira. Eu tinha 6 anos na época. Me lembro de tudo, das transmissões de rádio, das pessoas ouvindo muito alto. As televisões sempre estavam ligadas. Absorvi como uma esponja esse espetáculo diário", disse.
"Para mim, os planos mais impregnados de nostalgia são os de Brad dirigindo pela cidade. Meu padrasto tinha um carro parecido e a maneira como ele (Pitt) vê a cidade é como eu a via desse veículo".
Tarantino por seus atores
Pitt: "Dizer que Quentin vive intensamente o cinema é pouco. No estúdio, há a mesma exuberância, a mesma alegria. Ele nos contou tantas histórias sobre cada um de nossos personagens que tínhamos somente que nos colocar em sua pele".
Robbie: "Mais do que qualquer outro diretor, é o que melhor celebra o gênero e o subverte".
DiCaprio: "Ele sabe dar espaço ao improviso, apesar de seus diálogos serem como a Bíblia de seus filmes. E estar com Quentin é como estar com o funcionário do videoclube do filme "Clerks". Você sabe que encontrará um tesouro desconhecido".
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