Centenário de Clarice: 'herbário' da autora vira livro ilustrado na Espanha
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"Flor de cactos - A flor de cactos é suculenta, às vezes grande, cheirosa e de cor brilhante: vermelha, amarela e branca. É a vingança sumarenta que ela faz para a planta desértica: é o esplendor nascendo da esterilidade despótica".
Esse é um dos 24 verbetes de "De Natura Florum", espécie de breve herbário narrativo que Clarice Lispector publicou no Jornal do Brasil no dia 3 de abril de 1971. No experimento, Clarice ainda cunha definições para flores como Rosa ("dá-se toda e tanto que para ela só resta a alegria de se ter dado"), Azaleia ("espiritual e leve; é uma flor que traz felicidade") e Orquídea ("é mulher esplendorosa, isto não se pode negar"). O texto integrou a coletânea de crônicas "A Descoberta do Mundo" e apareceu reelaborado no romance "Água Viva", de 1973.
Há dez anos, lendo "A Descoberta do Mundo", que Alejandro Schnetzer, escritor e editor, descobriu "De Natura Florum". Na época, o argentino radicado na Espanha se aprofundava na literatura da brasileira após se "deslumbrar" com "A Paixão Segundo G. H." e passear pelos seus contos. "A obra de Clarice sempre me causou emoções inéditas. Para mim, Lispector representa 'o Brasil grande', da mesma forma como ela definiu a Vitória-régia [no herbário], 'simples e majestosa'", diz Alejandro.
Ele que idealizou e traduziu a versão de "De Natura Florum" publicada há pouco na Espanha pela Nórdica Libros (vale lembrar: 2020 marca o centenário de nascimento da escritora). O texto de Clarice, feito para ocupar o espaço de uma crônica de jornal, foi transformado num livreto com 54 páginas ilustrado por Elena Odriozola. O resultado é um trabalho sensível, capaz de servir de porta de entrada para leitores de diferentes idades à obra de Clarice - é nisso que Alejandro acredita, ao menos.
Perguntado se Clarice é conhecida ou uma escritora ainda a ser descoberta pelos espanhóis, Alejandro considera as duas alternativas possíveis. "Para o que se denomina 'o campo literário', sua obra é reconhecida e bastante apreciada, mas para o 'público' Clarice é, em muitos aspectos, uma figura desconhecida. Um dos propósitos do livro é servir de caminho para que a descubram, pois quem não conhece Lispector possui uma dívida consigo mesmo, ainda que não saiba disso".
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