A 'Rinha de Escritores' e os intelectuais que trocaram palavras por socos
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"Quero falar uma coisa. Estou me sentindo muito constrangido de estar aqui e não vou me tornar constrangedor. Eu concluo que você colaborou para coisas muito negativas no país, no meu ponto de vista. Compreendo: todos nós somos humanos, erramos, nos equivocamos. Mas estou me sentindo extremamente constrangido de estar na posição de render homenagem a um tipo de ideologia que eu profundamente desprezo".
Para Rachel de Queiroz, autora de romances como "O Quinze" e "As Três Marias", que o escritor Caio Fernando Abreu dirigiu essas palavras, numa edição de 1991 do programa Roda Viva. Após um corte do apresentador ("O Caio, você tem que fazer perguntas, não render homenagens"), a entrevistada retrucou: "Eu gostaria de responder a você que nós estamos em um país democrático. Eu respeito as suas posições e espero que você respeite as minhas".
Irônico Rachel evocar a democracia. Afinal, Caio a criticava por ter sido conivente e entusiasta do Golpe de 64 e da ditadura. Por conta da nova maluquice política em que estamos metidos, o vídeo voltou a circular com força pelas redes. O bate-boca entre a cearense e o gaúcho é um clássico da "rinha de escritores brasileiros", conforme definiu o tuiteiro abaixo.
O povo adora treta, sabemos, mas é curioso como brigas entre intelectuais causam furor. Embates de ideias como o de Caio e Rachel são comuns. Engana-se, contudo, quem pensa que a desavença descambar para insultos, achincalhes e trocas de sopapos é algo distante do mundo das letras. Não são raras as baixarias envolvendo escritores, editores, leitores e outros devotos dos livros.
As tretas da Flip 2019
Na Flip do ano passado, por exemplo, um crítico, cronista e jornalista se estranhou com um crítico, romancista e jornalista no meio de uma festa. A história tem muitas versões, e todas indicam outro personagem envolvido no quiproquó: um contista, romancista, jornalista e também crítico tentava evitar que o bate-boca virasse quebra-pau. E não chegou a ser quebra-pau, mas na própria Flip de 2019 houve um episódio bastante noticiado: Luiz Schwarcz, presidente do Grupo Companhia das Letras, sentou o braço no homem que o teria xingado de "escroto filho da puta". E aqui entramos de verdade nas tais rinhas.
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