Com o conceitual "Quadra", Sepultura questiona o conhecimento das pessoas
Ao contrário de muitas bandas de metal que têm anunciado o fim de suas atividades, "Quadra" mostra que o Sepultura está longe de sair de cena. O álbum lançado hoje (7) mundialmente pela Nuclear Blast, chega para coroar a boa fase de Derrick Green (voz), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Xisto (baixo) e Eloy Casagrande (bateria).
Com exceção do vocalista Derrick Green, que não pode vir ao Brasil por ter compromissos profissionais nos Estados Unidos, os integrantes conversaram sobre o trabalho na tarde de ontem (6), em um estúdio na zona oeste de São Paulo.
O álbum foi todo gravado no estúdio Fascination Street, em Orebro, na Suécia, e a banda repetiu a parceria com o produtor Jens Bogren, que produziu o antecessor "Machine Messiah", lançado em 2017.
O guitarrista Andreas Kisser exaltou o momento positivo vivido pela banda e disse que o Sepultura nunca fez nada parecido. Abaixo momentos da entrevista:
O conceito de "Quadra"
Quando a gente começa um disco novo, vou fazer uma pesquisa para saber sobre o que vamos falar. De onde vamos tirar nossa ideia? Porque riffs saem a todo momento. O conceito sempre foi muito importante para guiar a mensagem que queremos passar. E assim comecei pesquisar os números.
Fui atrás de numerologia, algoritmos e nessa pesquisa encontrei um livro chamado 'Quadrivium'. 'Quadrivium' é um livro que fala sobre as quatro artes liberais que são cosmologia, música, geometria e matemática. E neste livro, o número quatro significa o momento de manifestação em que as coisas acontecem.
No meu ponto de vista, é uma definição do agora. Aí veio a ideia de fazer uma analogia do que a gente vive.
Quadra é uma palavra que só existe em português, que significa um espaço delimitado com conjunto de regras, onde as coisas acontecem. É a nossa vida.
A pergunta que o 'Quadra' traz é: 'Por que você defende as ideias que você nem sabe de onde veio?" A ideia do 'Quadra' é questionar o conhecimento das pessoas. Por que as pessoas acreditam nisso ou naquilo.
O conceito matemático
Desde o começo tínhamos a ideia de dividir o álbum em quatro partes. O número quatro é muito presente em nossa cultura. Isso ajudou muito para organizar o elementos do álbum. Dividir em quatro, fazer 12 músicas sendo três músicas em cada parte, com se fosse um vinil duplo com lados A, B, C e D. No lado A, o lado mais trash, old school. Lado B vem uma coisa mais groovada com percussão, lado C mais instrumental, que também é uma tradição nossa, e lado D é mais melódico. Nesse último temos a participação da Emmily Barreto (Far From Alaska) na última música. Foi a primeira vez que trabalhamos um disco que não tinha nome. No final foi bem confuso no final. (rs)
Desde o começo sabíamos como o disco ia fluir. A gente já tinha definida a ordem e isso ajudou muito. Usar os elementos do passado com a performance de hoje.
Impacto ao ouvir o disco pronto
Chorei quando ouvi a master. Foi muito satisfatório. E isso tenho que agradecer a nossas famílias e aos nossos empresários. Não ter telenovelas e problemas dentro da banda ajuda a gente só focar na música.
Shows
Estamos preparando o set list com o que a gente consegue tocar (rs). O "Machine Messiah" já foi um desafio e neste vamos adaptar com os elementos que a gente tem. O estúdio é uma história e o palco é outra experiência. Música ao vivo é outra coisa. Deixamos isso muito livre. E isso é legal, deixar esse espaço para esta coisa viva. Ainda não há nada programado para o Brasil.
Clima da banda
Eu e o Paulo estamos há 33 anos juntos. Sempre tivemos muito respeito um com o outro. Pra fazer o que a gente faz precisamos ter amor mesmo. Me sinto privilegiado de ter uma banda como o Sepultura e ter a história que a gente tem. É a pior coisa do mundo ir para a estrada para brigar. Já passei por isso. Agora a gente se curte, conversa, vai jantar juntos, temos batalha de ipod. Estamos em um momento muito positivo, não só no palco, como fora dele também. Levamos todo esse tempo para tomar nossos tombos e chegar no momento que estamos.
Participação de Emmily Barreto
A gente já conhecia a banda Far From Alaska. Gravei um programa de TV com eles. E foi bem na época do final da demo. E essa música estava meio perdida, foi uma da últimas. Ela poderia ir para várias direções. Aí a convidei. Sempre pensamos em ter algo feminino. Ela aceitou na hora.
É uma perfomance fantástica. A partir do momento que ela colocou a voz, a música se achou. Começamos organizar a música a partir disso.
Produção de Jens Bogren
Ele realmente não está para brincadeira. É um cara muito disciplinador. Eu tinha que acordar às 6h, 7h para gravar as guitarras. Algo totalmente fora da minha rotina, mas a partir do momento que você entra no ritmo funciona muito. Chega às 17h, 18h já está esgotado, mas tem um tempo para descansar. Esse disco é uma evolução do "Machine Messiah", pegamos muito desse disco para desenhar o "Quadra", então, não poderia ser outra pessoa. Dessa vez ele deixou fluir mais as coisas e dá pra sentir no disco que está tudo mais orgânico.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.