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Em "família", Edgard Scandurra revisita seu 1º álbum solo depois de 30 anos

Rodrigo Saldanha, Daniel Scandurra, Taciana Barros, Fábio Golfetti e Edgard Scandurra - Rafael Pompeu
Rodrigo Saldanha, Daniel Scandurra, Taciana Barros, Fábio Golfetti e Edgard Scandurra
Imagem: Rafael Pompeu

28/09/2018 07h01

Lá em 1989 quando lançou "Amigos Invisíveis", seu primeiro trabalho solo, Edgard Scandurra era então casado com Taciana Barros. O filho Daniel, recém-nascido, ganhou uma homenagem. Além da faixa "Bem Vindo Daniel", o disco trazia uma foto do bebê na contracapa.

Quase 30 anos depois, os três se reúnem nesta sexta (28) no palco do Sesc Pompeia para repassar as 12 faixas, na ordem da gravação original, que compõem o álbum. Rodrigo Saldanha (bateria) e Fábio Golfetti (guitarra/Violeta de Outono) completam o time de músicos.

O show é um esquenta para a turnê comemorativa das três décadas do primeiro trabalho que o guitarrista lançou sem a banda Ira!, que terá início ano que vem. 

Ao UOL, Taciana e Edgard falam sobre a celebração de "Amigos Invisíveis" e da emoção em ter o filho dividindo o palco com eles.

Adriana: Como é voltar ao palco com "Amigos Invisíveis" depois de tanto tempo?
Edgard:
Tocar com o Daniel e com a Taciana depois de 30 anos é muito prazeroso pra mim. A Taciana foi minha parceira em três músicas do disco, também éramos casados na época. E o Dani virou um artista, um cara genial. Isso é a coisa mais bacana: celebrar um disco que foi tão importante pra mim. Fico muito feliz não só com os dois, mas com todos os músicos. Fabio Golfetti, Rodrigo Saldanha. Todas essas pessoas juntas fazem uma química muito especial do "Amigos Invisíveis".

Taciana: Esse projeto é muito especial pra mim. Edgard sempre foi um artista revolucionário e criativo e entregou a alma pra esse álbum. Fazer parte disso foi e é um aprendizado musical e uma honra. Além do solinho do piano, foi muito inspirador estar presente também na equipe que fez os vídeos das gravações e clipes, ter participado da discussão e concepção da capa com o querido Yukio. E nesse álbum tem três parcerias minhas com o Edgard que estão na minha lista das que mais amo na vida. "Culto de Amor", "Abraços e Brigas" e "Vou Me Entregar Como Nunca". Digo isso pra poder contextualizar a importância e o carinho que tenho com esse projeto, e poder explicar a alegria de poder retomá-lo agora justamente com o Daniel, agora grande, e quebrando tudo no baixo. Aprendo nos ensaios e shows com o Dani, ele é muito musical e parceiro.

Daniel Scandurra que ganhou homenagem no disco na contracapa e na faixa "Bem-Vindo Daniel" - Divulgação - Divulgação
Daniel Scandurra na contracapa do disco
Imagem: Divulgação
Adriana: "Bem-Vindo Daniel" é dedicada ao seu filho. Como é tê-lo tocando neste show?
Edgard: É incrível poder tocar pro Daniel uma música que fiz quando ele era recém-nascido. Ela é cheia de ternura e de amor, que é um sentimento que tenho pelos meus filhos. O Daniel foi meu primeiro filho, fico muito feliz em tocar pra ele, principalmente saber que ele é um excelente músico e uma pessoa incrível acima de tudo.

Taciana: Eu choro. Vejo minha vida passando, e vejo como a música sempre me salvou e salva. O Dani é um filho que veio pra nos fazer lutar ainda mais pelo que acreditamos, pra nos renovar e inspirar. É muito amor esse momento.

Adriana: Passadas quase três décadas, seus amigos continuam invisíveis?
Edgard:
Muitos dos meus amigos continuam invisíveis, inclusive converso com eles sempre quando estou andando por aí, ouvindo uma música no fone de ouvido. Tenho lembranças de amigos de várias épocas da minha vida. Sou uma pessoa nostálgica, e é muito gostoso poder relembrar dos amigos. E lembrar inclusive desses tempos que falávamos sozinhos e que tínhamos os ideais da juventude. Como tenho isso dentro de mim ainda, falo sozinho com meus amigos invisíveis.

Adriana: Você tocou todos os instrumentos nas 12 faixas do álbum. Se fizesse uma reedição repetiria o processo ou chamaria músicos para as demais funções?
Edgard:
Tinha como conceito não só as canções, mas a forma como elas iam soar. Eu tinha a sonoridade de cada instrumento muito clara. Como eu vinha de uma banda que eu tocava bateria (Mercenárias), quando sentei na bateria, todos instrumentos vieram juntos. Tinha como desafio tocar instrumentos que eu não sabia. Se tivesse que fazer novamente faria com o maior prazer. Chamar outros músicos levaria para outro projeto. No caso, o conceito era de eu tomar conta da produção e execução desse disco.

Adriana: Na ocasião do lançamento deste disco, os fãs do Ira! ficaram preocupados com sua possível saída da banda. A gente corria esse risco?
Edgard: Na época desse disco eu me vangloriava em fazer um disco solo e esse disco solo ser de uma pessoa que não tinha deixado sua banda. Porque na época, alguns artistas da minha geração estavam saindo de seus projetos para seguir em carreira solo. Eu acho que a carreira solo acrescenta tanta coisa, como arte, criação e aprendizado. Fica interessante ter algo paralelo. Tocar com uma banda transmite outras energias, que é uma coisa de turma, de gangue, que é diferente do solo. Mas são coisas muito especiais e todas elas eu gosto de circular. Não só na minha carreira solo, como dentro do Ira! como também integrante de outros projetos que eu não seja exatamente o protagonista.

Veja abaixo o setlist

"Estamos Nesse Trem" (Edgard Scandurra)
"Amor em B.D." (Edgard Scandurra)
"Minha Mente Ainda é a Mesma" (Edgard Scandurra)
"Abraços e Brigas" (Edgard Scandurra, Taciana Barros)
"Gritos na Multidão" (Edgard Scandurra)
"Quero Voltar Pra Casa" (Edgard Scandurra)
"Our Love Was" (Pete Townshed)
"Amigos Invisíveis" (Edgard Scandurra)
"1978" (Edgard Scandurra)
"Culto de Amor" (Edgard Scandurra, Taciana Barros)
"Bem-Vindo Daniel" (Edgard Scandurra)
"Vou me Entregar Como Nunca" (Edgard Scandurra, Taciana Barros)

Serviço
Edgard Scandurra canta "Amigos Invisíveis"
Quando: Sexta - 28 de setembro, às 21h30
Onde: Sesc Pompeia - Rua Clélia, 63 - Lapa
Inf: https://www.sescsp.org.br