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Mathieu Lindon fala sobre experiências com LSD em apartamento de Foucault

Do UOL, em São Paulo

31/07/2014 23h18

O autor francês Mathieu Lindon participou nesta quinta (31) junto do brasileiro Silviano Santiago do painel "Porque era ele, porque era eu" durante a Festa Literária de Paraty, a FLIP.

Lindon, ator de "O que Amar quer dizer" falou sobre a amizade que surgiu com Michel Foucault, incluído como personagem de seu livro, falou como a amizade floresceu entre ele e Foucault durante os seis últimos anos de vida do filósofo francês, que morreu em 1984. Além de discutir como Foucault ceidia generosamente seu apartamento para que Mathieu e seus amigos fizessem "experiências" com ópio e LSD.

"Tínhamos projetores para assistir filmes, conseguimos ópio para diminuir o efeito do ácido e Michel emprestava o apartamento para que vivesse lá com outros amigos e fizesse essas experiencias", contou. "Uma vez ele voltou antes nós eramos tanto que ele não conseguiu passar a noite no próprio apartamento. Ele foi na casa de um vizinho e emprestou de novo o apartamento depois".

O mediador Paulo Roberto Pires também lembrou a forma preconceituosa como se referiam a Lindon: "Ele é gay, drogado e amigo de Michel Foucault", apontando semelhanças entre a sociedade supostamente mais aberta da Paris dos anos 1970 com a da Belo Horizonte rural da década de 1950, cenário do livro de Silviano Santiago "Mil Rosas Roubadas".

Personagens homossexuais na literatura nacional

Os dois autores também falaram sobre a suposta falta de personagens homossexuais na literatura nacional, mas disseram que o maior problema não é nos escritores, mas nos leitores. Santiago lembrou de exemplos. "Temos o relacionamento entre Pombinha em Leonie em 'O Cortiço', agora que os professores não queiram ler essas páginas não é problema de falta de representação", disse.

"'O Ateneu', outro exemplo, não é dado na escolas e quando é fala-se do colégio interno, como seria uma imagem de Dom Pedro. 'Bom Crioulo' é sobre o relacionamento entre dois marinheiros. Temos romances ricos sobre o tema, mas ignorados. Precisamos na verdade de bons leitores, mais do que de representação".