O Brasil também já conseguiu sair da caixinha reservada aos filmes internacionais e extrapolar para as categorias principais do Oscar - em uma situação muito parecida com a de Parasita, de Bong Joon Ho, neste ano e a de Roma, de Alfonso Cuarón, no ano passado.
O Beijo da Mulher-Aranha, coprodução Brasil/EUA centrada em um diálogo entre dois homens que estão presos no período da ditadura militar nacional, chegou ao Oscar de 1986 como um dos nomes fortes da corrida. O longa de Hector Babenco, argentino naturalizado brasileiro, foi indicado nas categorias de filme, roteiro e direção —e acabou rendendo um prêmio de melhor ator a William Hurt.
Em 1999, Central do Brasil conseguiu, ainda, uma indicação para Fernanda Montenegro, na categoria de melhor atriz. A nossa veterana foi a primeira atriz latino-americana a concorrer ao prêmio —e é, ainda hoje, a única a ter sido indicada por uma produção em português.
O caso mais notório, porém, foi o de Cidade de Deus (2002). A produção de Fernando Meirelles não entrou entre as indicadas a melhor filme estrangeiro do Oscar 2003, mas foi reconhecida pela premiação no ano seguinte, após fazer sucesso nos cinemas dos Estados Unidos e da Europa.
O longa acabou concorrendo em quatro categorias: diretor (Fernando Meirelles), roteiro adaptado (Bráulio Mantovani e Paulo Lins), edição (Daniel Rezende) e fotografia (César Charlone). Sem chances perante o fenômeno O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei, Cidade de Deus não levou nada, mas deixou a noite com seu prestígio consolidado - e Meirelles emplacou outros trabalhos em Hollywood, como Ensaio Sobre a Cegueira (2008) e o recente Dois Papas, que concorre a três Oscars em 2020 (roteiro adaptado, ator e ator coadjuvante).
Em 2016, a animação O Menino e o Mundo (2013), de Alê Abreu, foi indicado na categoria de melhor animação.