Rapper mais popular do Brasil, astro de festivais que levou os flows ao Theatro Municipal de São Paulo, Emicida sabe que mudou. O discurso virulento e colérico do passado, moldado no corre das batalhas, ainda vive dentro dele, mas sua palheta musical passa por um contínuo processo de colorização.
O álbum AmarElo, lançado hoje, o primeiro em quatro anos, é um exemplo disso. Emicida expande horizontes cantando melodias, acenando às origens no rap e abrindo-se fortemente à MPB. Entre outras "ousadias", ele subverte a métrica do samba com Zeca Pagodinho e desafia o pop com Pabllo Vittar, além de chamar Fernanda Montenegro para declamar na faixa Ismália.
Dono de grife, gravadora, produtor e empresário, Emicida foi longe demais? Jamais. "Quero ser sincero com o público. Não vou fingir que moro no barraco. Seria constrangedor fazer isso a esta altura do campeonato. Não vou fingir que passo fome. Trabalhei muito. Tenho origem muito pobre", destaca ele ao UOL, sem perder a conexão com a quebrada.
Em letras como Eminência Parda e A Ordem Natural das Coisas, o rapper versa sobre um mundo que parece desmoronar em ódio, violência e racismo, mas sua mensagem final é otimista. Tudo que Emicida quer é falar diretamente com o cidadão comum, construindo pontes, fomentando diálogos, Afinal, o Brasil pode e deve ser um lugar melhor.