Há anos o Brasil não ficava tão perto de um Oscar de melhor filme internacional. A Vida Invisível, do cineasta cearense Karim Ainouz (Madame Satã, O Céu de Suely), foi escolhido para representar o País na premiação após sair vencedor da Un Certain Regard, a mostra paralela mais importante de Cannes, e já apareceu em lista da revista The Hollywood Reporter, uma das mais respeitadas do meio cinematográfico, como um dos prováveis cinco indicados que serão revelados pela Academia de Hollywood no início de janeiro.
O filme vem com um aparato pesado de campanha, tendo produção do brasileiro Rodrigo Teixeira, nome por trás de outros queridinhos oscarizáveis como Me Chame Pelo Seu Nome, e a Amazon como sua distribuidora internacional. Sua grande força, no entanto, está na história de Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Julia Stockler), duas irmãs separadas por uma mentira cruel e às voltas com as limitações impostas às mulheres na sociedade brasileira dos anos 1950. A trama, adaptada do livro homônimo de Martha Batalha, é habilmente tecida por Ainouz com o auxílio de atuações memoráveis. O resultado emociona - e diz muito sobre os tempos de hoje.