"Não quero que assistir à 'The Handmaid's Tale' seja tortura", diz criador
Com um retrato arrepiante de uma ditadura patriarcal em que as mulheres são rotineiramente estupradas, mutiladas e separadas à força de seus filhos, "The Handmaid's Tale - O Conto da Aia" às vezes se mostrou difícil de encarar.
Mas Bruce Miller, criador e produtor-executivo da série baseada no livro de Margaret Atwood escrito em 1985, disse que ele "não está no ramo de inventar crueldades".
"Não quero que seja uma tortura assistir à série. É entretenimento e você quer que as pessoas sejam compelidas por isso. Você não quer que seja um remédio horrível", disse Miller.
A terceira temporada da série vencedora do Emmy estreia no serviço de streaming Hulu hoje, acompanhando o dia a dia no fictício estado norte-americano de Gilead, em um roteiro cada vez mais atual.
A aia June --interpretada por Elisabeth Moss--, após recusar uma rara chance de escapar de Gilead com sua filha recém-nascida, decide permanecer lutando contra uma sociedade em que as mulheres são proibidas de ler e escrever, sendo forçadas à servidão.
No ano passado, a segunda temporada mostrou cenas de espancamento, enforcamento e estupro que a audiência considerou muito pesadas.
"Não estou interessado em fazer a audiência passar por tortura. Eu tento apenas mostrar as coisas que precisamos ver para entender aonde June está emocional e mentalmente", afirmou Miller. "O que estou tentando fazer é contar a história de sobrevivência e vitória de June, e é uma caminhada longa e lenta."
A nova temporada estreia em um momento em que as mulheres dos Estados Unidos, às vezes usando os marcantes trajes vermelhos e chapéus brancos da série, protestam contra leis que restringem severamente o aborto em 11 Estados do país.
Os episódios exibidos em 2018 coincidiram com a repressão à imigração ilegal na fronteira entre EUA e México, período em que crianças foram separadas de suas famílias.
Embora o tema da temporada atual seja rebelião, Miller afirma que não há conserto rápido.
"Queremos mostrar como um herói realmente se parece --alguém que é teimoso. Eles são derrubados, ficam machucados e se recuperam e tentam novamente", disse Miller.
Miller explicou que quaisquer paralelos diretos entre a série e os eventos mundiais atuais não são intencionais, embora Atwood tenha dito que todos os eventos em seu livro foram retirados da história.
"Tentamos pensar no que poderia acontecer em Gilead, mas, se você vai fazer com que a televisão esteja ligada ao mundo real, será tão inquietante quanto a turbulência política que o mundo parece estar passando agora", disse.
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