EUA pedem à Alemanha que revele lista de obras saqueadas por nazistas
Os Estados Unidos pediram à Alemanha que publique uma lista das 1.400 obras de arte roubadas pelos nazistas e que foram encontradas em um apartamento de Munique no ano passado, durante uma investigação alemã de evasão fiscal, disseram autoridades norte-americanas nesta quinta-feira (7).
As autoridades, que falaram sob anonimato, disseram que diplomatas norte-americanos tinham contatado o governo federal alemão sobre o vasto tesouro de arte, que inclui pinturas anteriormente desconhecidas de Henri Matisse e Otto Dix.
Uma autoridade norte-americana disse que o governo dos EUA soube pela imprensa sobre a descoberta do tesouro, que veio a público nesta semana e inclui obras de artistas como Canaletto, Courbet, Picasso e Toulouse-Lautrec.
"Nossa missão é discutir essa notícia com as autoridades alemãs relevantes, e pedimos a elas que publiquem uma lista completa das pinturas recuperadas", disse essa autoridade, dizendo que os contatos norte-americanos foram com o governo federal alemão, que por sua vez estava lidando com as autoridades locais sobre a questão.
Investigadores da alfândega confiscaram no ano passado as pinturas, desenhos e esculturas, que datam do século 16 até o período moderno, mas ficaram em silêncio até agora porque descobriram a arte durante uma investigação de evasão fiscal, o que exige sigilo.
O sigilo e o fato de não publicar até agora uma lista de obras completa atraiu críticas dos que argumentam que a publicação de tais descobertas é crucial para estabelecer sua propriedade e devolvê-las a seus proprietários de direito.
Os nazistas saquearam de forma sistemática centenas de milhares de obras de arte de museus e de pessoas em toda a Europa. Milhares de obras ainda estão desaparecidas.
Grupos judaicos exigiram que as origens das obras de arte fossem pesquisadas o mais rápido possível, para que, saqueadas ou extorquidas, elas possam ser devolvidas a seus donos originais.
Para algumas famílias, a arte desaparecida constitui os últimos objetos pessoais de parentes mortos durante o Holocausto.
Enquanto peritos consideram que as obras têm um enorme valor artístico, a tarefa de devolvê-las a seus donos de direito pode levar muitos anos e apresenta um enorme problema legal e moral para as autoridades alemãs.
O espólio, encontrado no flat de Cornelius Gurlitt, filho de um marchand da época da guerra, está entre as mais significativas descobertas de obras roubadas pelo regime nazista. Pode valer mais de 1 bilhão de euros (1,3 bilhão de dólares), segundo uma revista alemã, embora autoridades tenham se recusado a comentar.
Gurlitt, que às vezes vendia pinturas para se sustentar, desapareceu.
Um pesquisador norte-americano disse na quarta-feira que as tropas aliadas confiscaram mais de 100 obras de arte do pai de Gurlitt, e então as devolveram cerca de quatro anos depois.
Marc Masurovsky, que integra um grupo que luta para devolver a arte saqueada pelos nazistas a seus proprietários, disse que documentos no Arquivo Nacional dos EUA mostram que a maioria das obras foi devolvida ao colecionador, Hildebrand Gurlitt.
Ao menos uma das peças listada nos documentos parece estar entre as 1.400 encontradas no apartamento do filho de Gurlitt, disse Masurovsky.
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