Para Porchat, fazer comédia é 'político' e não existe 'sagrado' no humor
Fábio Porchat disse em entrevista que "fazer comédia é político" e relembrou quando houve um atentado na sede de sua produtora, o Porta dos Fundos, como uma possível retaliação pelo especial de Natal de 2019 exibido pela Netflix, que mostra um Jesus gay e Deus mentiroso.
"Hoje em dia, fazer comédia é político. Foi fazendo comédia que jogaram duas bombas na minha produtora. Houve um atentado terrorista fazendo comédia. Comédia é um negócio sério, é tão sério que as pessoas se ofendem", disse o comediante em entrevista à Quem.
"A gente já fez parceria com a ONU, já fez vídeo sobre racismo, sobre machismo, sobre religião, gente maluca religiosa. A gente já fez piada com tudo. Tem piada até com terrorista muçulmano. Quando falaram assim: 'Ah, mas você fez um vídeo de Jesus gay'. Cara, eu já fiz um vídeo sendo um terrorista muçulmano gay. Não tive problema com ninguém. Sempre levando muito a sério essa coisa de bater no opressor, e não no oprimido. A graça não é ver o negro apanhando, é ver o dono do Klu Klux Klan se ferrando
Fábio Porchat
O comediante também relembrou a importância de fazer humor sem que incite o ódio contra grupos ou pessoas e explicou que não existe algo "sagrado", que não possa ser falado, pelo humor.
Não existe sagrado para o humor. O sagrado é sagrado, porque a partir do momento que a coisa fica sagrada, ela vira lei e fica intocável e vira um monstro que vai se voltar contra você. A gente precisa poder falar do que a gente quiser. Mais uma vez: Não é incitando o ódio, a violência, disseminando preconceito. Quando falo de religião e brinco com isso, não entro na igreja, abro a porta e impeço um padre de falar. Não fico rindo da cara do crente que está no culto dele. Não chuto a santa, não vou a um terreiro e prejudico. Isso é crime. Estou falando de rir, de brincar, de ter uma outra visão sobre o assunto
Para Fábio é importante pensar em qual tipo de piada o humorista quer fazer, sem censurar determinado assunto.
O problema é falar 'não pode'. E rola muito isso no Brasil, e isso é perigoso. A gente tem que deixar acontecer. Pode fazer piada com preto, com gay, com branco, com mulher, com aleijado, com todo mundo. O negócio é: 'Que tipo de piada você quer fazer? De que lado você está nessa luta? Que tipo de artista você é e que tipo de olhar tem sobre a sociedade?
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