Estamos falando de um canal do YouTube, chamado "Legacies of Brazilian Cinema", que reúne, com legendas em inglês, obras de ficção, documentários e entrevistas relacionados ao nosso cinema, da década de 1910 aos anos 2000. Trata-se de um verdadeiro tesouro da cinematografia nacional. E o melhor: tudo é de graça e livre de propagandas.
Uma das coisas mais legais é que o canal organiza os títulos em muitas playlists. E há seleções por década, por período do cinema nacional, por diretores em ordem alfabética, por música e até por diretor de fotografia. Entre as pérolas do nosso cinema estão filmes lendários.
Filmes como "Exemplo Regnerador" (1919), "Limite" (1931), "O Bandido da Luz Vermelha" (1968) e "Cabra Marcado Para Morrer" (1984) chegaram a ser postados na plataforma e estava embedados em uma versão anterior desta matéria, mas forma excluídos pelo YouTube.
Mas quem está por trás disso?
A descrição do canal, que foi criado de forma independente em fevereiro e não monetiza os vídeos, diz que o objetivo é apenas "tornar o cinema brasileiro mais acessível a um público maior, disponibilizando cópias de filmes clássicos com legendas em inglês". Cineastas ou produtores que não quiserem ver suas obras postadas de graça podem pedir a retirada.
Nós ficamos curiosos com essa história e mandamos algumas perguntas para o administrador(a) do "Legacies of Brazilian Cinema". E, para nossa surpresa, ele (ou ela) disse que responderia a mensagem por email apenas em inglês, sem revelar identidade e origem. A ideia é divulgar nosso cinema no exterior, em todas as suas fases, e evitar que ele caia no ostracismo.
O cinema brasileiro é um dos melhores do mundo e sua história é tão fascinante quanto a de qualquer outro país. No entanto, se as pessoas não puderem acessar algumas dessas obras, elas sempre permanecerão nas sombras
Na opinião da pessoa responsável pelo canal, a produção brasileira é única, diversa e de alta qualidade desde a era do cinema mudo. E iniciativas como esta devem render frutos em breve
No passado, o público internacional tinha contato apenas pelo movimento Cinema Novo. Mas, graças à acessibilidade da era digital, percebemos que o cinema da era muda e da era dos estúdios são cheios de trabalhos incríveis, que precisam ser mais estudados
Nós achamos o máximo a iniciativa e concordamos com o senhor(a) anônimo(a)!
E também lamentamos o fato de a Cinemateca Brasileira, que tem um acervo valiosíssimo e agora ameaçado, estar passando por uma grave crise. Esta semana, o governo federal extinguiu a gestão, feita pela Associação Comunicação Educativa Roquette Pinto, e demitiu todos os funcionários da instituição. O único plano divulgado é o de reincorporá-la à União. A Cinemateca merece --muito-- mais.
Aliás, seria o(a) mentor(a) do "Legacies of Brazilian Cinema" não um gringo, mas um ex-funcionário ou alguém ligado à Cinemateca, de onde digitalizou o conteúdo?
A pessoa não revela, mas é possível que sim. A capa do canal traz uma foto de um protesto de funcionários, que ficaram sem salários por meses, além de um link direcionado a uma página com um financiamento coletivo em apoio a eles.
[A crise] é uma tragédia, porque esses trabalhadores foram tratados de forma horrível. Mas também é uma tragédia para os filmes, que estão à espera de serem descobertos pelo mundo e correm o risco de serem destruídos. É uma ameaça à cultura mundial
Mais filmes de graça
Falando de Cinemateca Brasileira, nós descobrimos que alguém disponibilizou um link de Drive contendo boa parte dos filmes da instituição. A mensagem foi compartilhada em grupos de cinema com a mensagem de que ex-funcionários estão se prevenindo contra eventuais danos em rolos de filmes, que são perecíveis e agora correm o risco de ser inutilizados, e por isso estão postando o acervo.
É uma bela iniciativa. E força ao cinema nacional!
Nós, do UOL, estamos do lado da cultura e desejamos força aos ex-funcionários da Cinemateca e a toda a comunidade do audiovisual que está sofrendo com a crise. E esperamos que seu rico acervo, o maior do tipo na América Latina, com 250 mil rolos de filmes e 1 milhão de itens, não sofra nenhum dano. Quem perde é o cinema mundial.
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