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Viola Davis, Idris e mais pedem que Hollywood quebre parcerias com polícia

Viola Davis - AFP
Viola Davis Imagem: AFP

Do UOL, em São Paulo

24/06/2020 14h00

Mais de 300 artistas, executivos e ativistas negros assinaram uma carta aberta aos grandes estúdios de Hollywood pedindo que eles quebrem parcerias de longa data com departamentos de polícia pelos EUA e invistam dinheiro em conteúdos antirracistas.

A carta foi publicada pela "Variety". Trata-se de uma reação aos protestos que eclodiram pelo país e pelo mundo desde a morte de George Floyd sob custódia policial.

Os atores Kendrick Sampson (de "Insecure", que recentemente virou manchete ao ser ferido por policiais em uma manifestação) e Tessa Thompson ("Thor: Ragnarok") ajudaram os fundadores do movimento Black Lives Matter ("vidas negras importam") a elaborar o texto.

A lista de signatários inclui nomes de projeção como Angela Bassett, Michael B. Jordan, Anthony Mackie, Dee Rees, Janet Mock, Zoë Kravitz, Cynthia Erivo, Viola Davis, Issa Rae, Billy Porter, Octavia Spencer, Idris Elba, Sterling K. Brown, Taraji P. Henson, Tiffany Haddish, Kerry Washington, Thandie Newton e Janelle Monáe.

A carta

No texto, o grupo de artistas refletiu que Hollywood tem "significativa influência na cultura e na política" do país, e a habilidade de "usar esta influência para imaginar e criar um mundo melhor". No entanto, acusou o texto, a indústria do cinema, historicamente, abriu mão de fazer isso para "encorajar a epidemia de violência policial e a cultura racista".

A seguir, a carta relaciona narrativas policiais comuns em Hollywood com casos reais em que a polícia agiu de forma violenta e matou pessoas negras. A lista cita narrativas transfóbicas, que "são usadas para justificar a morte de alguém como Tony McDade [homem trans baleado pela polícia em Tallahassee]", e cita o caso de Floyd ao condenar a "exaltação de policiais que agem de forma brutal e fora da lei como heróis".

A carta também aborda o que os signatários definiram como "a falta de um comprometimento verdadeiro com a inclusão e o apoio institucional [a pessoas negras], o que só serviu para reforçar o legado de supremacia branca de Hollywood". Como o texto esclareceu, não se trata apenas de contratar atores, diretores ou roteiristas negros, mas também executivos e agentes, que são como "gatekeepers" da indústria.

"As pessoas brancas são a menor porcentagem demográfica da população mundial, e mesmo assim suas histórias são vistas como universais. Nos raros momentos em que nós [pessoas negras] temos a chance de contar as nossas histórias, os processos de desenvolvimento, produção, distribuição e marketing frequentemente passam pelo filtro das pessoas brancas", explicaram.

Já que Hollywood tem sido uma parte tão grande do problema, nós exigimos que ela seja parte da solução. Nós, como pessoas negras, trazemos imenso valor cultural e econômico para a indústria, mesmo enquanto sofremos a opressão perpetuada por ela. Temos todo o direito de exigir esta mudança, de exigir algo melhor"

O texto é finalizado com uma lista simples de exigências: que Hollywood retire seus investimentos na polícia e em conteúdos racistas; e que invista este mesmo dinheiro nas carreiras de talentos negros, em conteúdos antirracistas, e no desenvolvimento da comunidade negra. Os detalhes das propostas para concretizar estas ações podem ser encontrados em um site criado pelo grupo.