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Por que 'Queer Eye' é a série que todo homem hétero deveria ver sempre

Imagem da quinta temporada de "Queer Eye" - Divulgação
Imagem da quinta temporada de "Queer Eye" Imagem: Divulgação

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

05/06/2020 04h00

Desde que retornou repaginada em 2018, a série "Queer Eye" (antes "Queer Eye for the Straight Guy") vem prestando valiosos serviços ao que podemos classificar de "macho hétero comum". Sem preconceitos aqui, mas se você se encaixa nesse perfil, como muitos dos "reformados" pelos Fab 5 Antoni Porowski, Tan France, Karamo Brown, Bobby Brown e Jonathan Van Ness, assistir ao programa deveria ser dever cívico.

Jamais viu este reality show inspirador, multipremiado e que tem 1,9 milhão de seguidores só no Instagram? Bem, nunca é tarde para começar. A quinta temporada chega hoje ao catálogo da Netflix com mais um cardápio variado e necessário de ensinamentos e reflexões. Caso você consiga internalizá-las, a chance de sua vida melhorar, ser mais feliz e, principalmente, mais bem resolvida, é de aproximadamente 300%.

Acompanhe abaixo o que aprendemos desta vez na nova jornada de "Queer Eye".

Falar de emoções

Esse é um tema que perpassa quase todos os episódios protagonizados por homens na nova temporada. Conhecemos gente que sofre horrores por passar anos reprimindo sentimentos, simplesmente por não ter o hábito de compartilhar o que sentem com familiares, amigos ou parceiras(os). Não ao acaso, quando tentam fazer isso, acabam desabando no choro.

Ensinamento aos machos número 1: faça como aprendeu o DJ Ryan no episódio 6 e abra seu coração sempre que julgar necessário —e na maior parte dos casos é. Falar de emoções não é sinal de fraqueza.

Mãe e esposa 'perfeitas'

Se não existem pai nem marido perfeitos, por que é exigido que elas o sejam? Dois episódios da nova leva de "Queer Eye", protagonizados por uma dona de casa (Jennifer) e uma pediatra (Lilly), revelam mulheres sobrecarregadas e domadas por um sentimento de culpa por não serem mães exemplares. Isso, infelizmente, ainda é muito comum.

Ensinamento aos machos número 2: para conviver em harmonia em seu lar doce lar, é importante desmistificar a figura da mulher como chefe doméstica. Dividir tarefas no cuidado da casa e dos filhos é fundamental.

Organizar e limpar a casa também é coisa de macho

TODOS os homens solteiros "reformados" pelos Fab 5 na quinta temporada vivem em lares bagunçados, sujos, caindo aos pedaços. Este último é o caso do pastor Noah, que é gay e comanda uma igreja luterana na Filadélfia aberta a todos os tipos de fiéis (sim, isso existe, e também é importante você saber). Já imaginou que a bagunça pode influir negativamente na sua personalidade e humor?

Ensinamento aos machos número 3: mostre que você é um homem de verdade, não uma criança, e crie uma rotina de arrumação na sua casa. Ela não vai se tornar um ambiente habitável sozinha.

Canse e descanse

No quinto episódio, nos deparamos com Abigail, uma jovem ativista que sofre bastante com ansiedade. Quem nunca? Ela luta pela preservação do meio ambiente e com o fato de não conseguir parar um segundo para descansar, socializar ou curtir o ócio. Entre os personagens desta nova temporada, ela não é a única sofrer desse mal tão contemporâneo.

Ensinamento aos machos (e não só a eles) número 4: "Prenda a respiração. Faça um pedido. Conte até três". Trabalhar demais, dentro ou fora de casa, com ou sem pandemia, pode te levar à loucura. Cuide de você.

Super-Homem não existe

Em um dos melhores episódios, conhecemos um personal trainer e músico chamado Nate McIntyre, irmão da cantora Macy Gray que há 12 anos mantém uma academia que está caindo aos pedaços. Indicado ao programa pela ex, ele nunca pensou em pedir ajuda para melhorar o negócio e sair da pindaíba financeira. Agindo assim, estava caindo em um buraco sem fundo.

Ensinamentos aos machos número 5: você não sabe nem precisa saber de tudo, e está tudo bem. Pedir ajuda é indicativo de inteligência e vontade de crescer, não de fraqueza.

Corpo perfeito para quê?

Nós, homens héteros, precisamos reconhecer: existe pressão masculina para cultivarmos músculos e, assim, conquistarmos mulheres. O que é uma bobagem sem tamanho. Dois personagens da série sofrem com esse problema de autoestima: o DJ Ryan (que está em ótima forma, por sinal) e o pai de família Kevin, que já perdeu 40 kg, mas não reconhece a vitória pessoal, preferindo focar em defeitos.

Ensinamento aos machos número 6: Ter um físico saudável é importante, sim, mas sem exageros. A personalidade e o conjunto da obra contam muito mais.

A sociedade é diversa

Aqueles com um mínimo de bom senso já sabem. Pessoas negras podem e devem ser mostradas na TV como empreendedoras ou profissionais com poder social, e não apenas no papel de empregados ou subalternos. A temporada traz, por exemplo, Rahanna, dona de um serviço de tosa de cães, Nate e o tutor Tyreek, um jovem que trabalha em uma ONG ensinando crianças carentes a ler.

Ensinamento aos machos número 7: o lugar do homem negro, da mulher, da mulher negra ou de qualquer pessoa LGBTQ+ é onde ela bem entender. E só pra lembrar: racismo e homofobia são crimes.