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Tiago Iorc acha graça de comparações com Belchior e vê lições no isolamento

Tiago Iorc - Victor Santiago/Divulgação
Tiago Iorc Imagem: Victor Santiago/Divulgação

Renata Nogueira

Do UOL, em São Paulo

03/06/2020 12h01

Tiago Iorc começa hoje uma nova fase. Conhecido por seu espírito mais recluso, o cantor se entrega à onda das lives e, junto com o show virtual que rola a partir das 21h, apresenta uma nova música: "Você Pra Sempre Em Mim". Curiosamente, é a primeira composição que ele fez na vida.

Com um escritório próprio após romper com o empresário Felipe Simas e também de gravadora nova, a Sony Music, Tiago renova as energias. Em um papo com o UOL, o cantor reflete sobre o autoisolamento que fez no ano retrasado e o atual isolamento pelo qual todos estão passando agora.

Ele ainda vê graça nas comparações com Belchior que surgiram depois do seu sumiço programado, mas dá seu veredito:

Apesar das semelhanças, eu não me sinto o Belchior da nova geração

A música que você lança hoje foi sua primeira composição e chega um ano depois do álbum 'Reconstrução'. Ela fecha esse ciclo ou abre um novo?

'Você Pra Sempre Em Mim' é a música nova mais antiga da minha carreira.

Ela talvez seja sim um símbolo bem importante de um novo ciclo que está começando agora. Sempre me emocionei com essa música. Ela tem um olhar muito puro para o amor e me pareceu pertinente essa mensagem existir nesse momento. Estou feliz que ela está nascendo agora.

Capa do novo single - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

'Você Pra Sempre em Mim' foi escrita na sua adolescência, mas tem uma letra carregada de sentimentos. Quantos anos você tinha?

Tinha 17 anos quando vivi um romance de verão em uma viagem que eu fiz para a praia com alguns amigos.

Conheci uma moça que mexeu com os meus sentimentos e eu voltei para a minha cidade no interior do Rio Grande do Sul com esse brilho.

Esse brilho que o amor permite, essa elevação do espírito quando a gente está de frente com o sentimento de querer bem é muito especial. Eu fico muito feliz de poder resgatar essa música nesse momento.

Você está produtivo na quarentena?

Esse período está sendo bem delicado e transformador para todo mundo. Estou produtivo e tenho me mantido ativo nas criações.

Como tem sido enfrentar esse período?

O sentimento que prevalece é a vontade de entender de que forma eu posso contribuir mais. De que forma eu posso ajudar mais. E tenho sentido esse senso de união muito forte.

Como foi a decisão de fazer a live? Partiu de você ou os fãs botaram pressão?

Eu resolvi fazer a live por live e espontânea pressão.

[Risos] Estou brincando. Eu já vinha acompanhando esse movimento e tentando entender de que forma eu poderia estar presente. Em um primeiro momento, fiz um projeto pelo Instagram mesmo, onde eu atendo aos pedidos de música das pessoas. Foi um projeto muito bonito. Foram uns 60 pedidos atendidos. E agora fez sentido fazer essa live. Vai ser um momento de comunhão para estar um pouquinho mais perto das pessoas.

Seus shows já são bastante intimistas. A live seguirá o mesmo formato?

Agora mais do que nunca faz sentido essa intimidade toda.

É isso que vai ser a live. Esse diálogo musical entre mim e o violão. Também vai ter uma produção super enxuta, com uma equipe muito reduzida. Sou eu e mais duas pessoas. O diretor de fotografia, que vai gerenciar a captação de vídeo e uma outra pessoa responsável pela captação. Terá uma terceira pessoa cuidando da captação de áudio, mas à distância.

Você fez uma brincadeira com o 'desafio da farinha' ao anunciar a live e a música nova. Te incomoda ter que seguir alguns padrões?

Eu tendo a estar na contramão desses movimentos virtuais.

Mas tem alguns que são bem singelos e graciosos. E eu acho bonita essa possibilidade de criar movimentos que nos unem, embora às vezes esses movimentos tendam a padronizar manifestações e neutralizar idiossincrasias que são lindas. Tem muita beleza na celebração de tudo o que é coletivo.

Você está agora com um escritório próprio, gerenciando sua carreira. Como tomou essa decisão?

Eu sempre estive à frente das decisões da minha carreira e sempre gostei disso. De poder alinhar tudo o que acontece com os meus propósitos. A criação do meu próprio escritório tem sido muito inspiradora e muito especial.

Tiago Iorc - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Você se isolou por um ano e quatro meses. Que lições de autoconhecimento daria para quem está sofrendo agora no isolamento tendo que encarar os próprios monstros?

Essa pergunta é muito especial, muito obrigado por levantar essa questão. De fato, a vida como a gente conhece tende a nos levar para o entretenimento, para o anestésico, justamente porque a gente quer evitar de olhar para os nossos monstros, nossas sombras, nossas questões que precisam ser encaradas com coragem. A consequência disso é uma sociedade cada vez mais perversa, violenta, desunida.

Que a gente possa acima de tudo nesse momento celebrar a possibilidade de se unir cada vez mais.

Quando você se isolou, rolaram comparações com o Belchior. Afinal, você é ou não é o Belchior da nova geração?

[Risos] Eu achei engraçada essa comparação. Mas, apesar das semelhanças, eu não me sinto o Belchior da nova geração. Eu me sinto o Tiago dessa geração.