Topo

O melhor e o pior de 'Homeland': Saiba como termina a última temporada

Divulgado novo teaser de Homeland (Fonte: Showtime)
Imagem: Divulgado novo teaser de Homeland (Fonte: Showtime)

Felipe Pinheiro

Do UOL, em São Paulo

11/05/2020 12h00

"Homeland" se despediu do público neste ano após oito temporadas, que estão disponíveis no Fox Premium, o serviço da Fox parceiro de conteúdo do UOL Play, o novo aplicativo de streaming do UOL.

A jornada de Carrie Mathison terminou após fortes emoções. Mortes inesperadas, tramas políticas, atentados terroristas e uma personagem bipolar, que se assemelhava a uma anti-heroína, movimentaram a aclamada série que precisou se reinventar após uma reviravolta arriscada, porém necessária, ao fim do terceiro ano.

ALERTA DE SPOILER: SE NÃO QUISER SABER DETALHES IMPORTANTES DA SÉRIE, NÃO CONTINUE A LER ESTE TEXTO

Os melhores coadjuvantes

O público que acompanhou a saga Carrie Mathison teve motivos para amar e odiar uma protagonista complexa, mas um fato é indiscutível: até a ex-agente da CIA concordaria em dizer que não teria chegado onde chegou sem a ajuda de algumas pessoas que cruzaram o seu caminho, para o bem e para o mal. Existia até um certo temor de quem ficasse muito próximo a ela estava fadado a se arruinar, e isso de fato aconteceu com vários personagens desde o primeiro ano.

Saul Berenson: mais do que o guru, o diretor da CIA foi como um pai para Carrie e tanto que, ao fim do último ano, é revelado que caso morresse, ela é quem receberia a transferência de um importante contato de uma agente infiltrada no governo russo que Saul mantinha como fonte secreta.

Depois de vários anos em que o público assistiu a uma relação calcada na confiança, a lealdade de Carrie é colocada à prova e ela precisa escolher entre prejudicar o amigo e salvar a pátria.

Max Piotrowski: Detinha a confiança de Carrie e se arriscava nas situações mais perigosas para ajudar a amiga, como quando ajudou a observar Nicholas Brody por câmeras instaladas ilegalmente na casa do ex-prisioneiro da Al-Qaeda para comprovar as suspeitas de que ele agora era um aliado ao grupo terrorista. Outro momento triunfal de Max é a descoberta de uma central de fake news. Tem como ser mais atual no Brasil e no mundo?

Mas é nesta última temporada que o personagem de fato se supera e atinge o seu auge. Em uma missão terrestre com soldados americanos, o analista técnico vira uma espécie de talismã da sorte para os seus companheiros. Logo após a queda do avião com o presidente dos EUA e do Paquistão, ele consegue, a pedido de Carrie, retirar a caixa-preta dos destroços, mas acaba sendo capturado e executado pelo novo líder do Talibã. Antes de morrer, ele conta a Carrie sobre o paradeiro do material, que contém a gravação sobre o que ocasionou a queda do avião: se houve falha técnica ou a aeronave foi abatida.

Nicholas Brody: Protagonista da série, o ex-fuzileiro naval se torna terrorista após ficar preso por oito anos no Afeganistão. Volta aos EUA como herói e se redime ao se aliar a CIA, mas ao fim do terceiro ano é morto enforcado em uma missão no Irã. Ele se envolve sentimentalmente com Carrie e os dois têm uma filha, Franny. A relação de Brody e Carrie, ainda que desencadeie momentos importantes, se torna por muitas vezes cansativa e era difícil imaginar como ele poderia ser preservado por mais tempo na história. A sua morte mostra que os criadores não tiveram medo de apostar em uma reviravolta arriscada e que praticamente reiniciou as aventuras de "Homeland".

Peter Quinn: entra na série para ocupar a lacuna deixada com a morte Brody e como outros personagens acaba se dando mal depois de cruzar o caminho de Carrie, por quem acaba se apaixonando. Era um agente inquieto e que oferecia dinamismo à série, mas perde parte de sua função após ser capturado por um grupo de terroristas na Alemanha. E ele estava nessa missão a pedido de quem? Sim, Carrie Mathison.

Ele inala um ar tóxico, uma arma química para um atentado no metrô de Berlim. Sobrevive, mas fica com sequelas e na temporada seguinte morre para salvar Carrie e a presidente dos EUA de uma emboscada.

Mais do que uma série sobre terrorismo

Com a morte inesperada do sargento Brody, os criadores de "Homeland" investiram em uma trama de política interna americana e espionagem, além do combate ao terrorismo, tema central da série.

Depois do auge da série nos primeiros anos, um dos melhores momentos é a participação da atriz Miranda Otto, a tia Zelda de "O Mundo Sombrio de Sabrina", da Netflix, na quinta temporada como chefe de estação da CIA na Alemanha. Na realidade ela é uma agente dupla que trabalha há anos para o serviço secreto russo e acaba sendo desmascarada. Sem dúvida umas das temporadas de maior adrenalina depois de alguns episódios menos empolgantes.

Outro ponto forte de "Homeland" é a eleição da presidente americana na sexta temporada, bem como o atentado que ela sobre e a sua posterior renúncia, que garante um dos momentos mais impactantes de toda série.

Também é impossível não destacar a participação de Haissam Haqqani, líder Talibã, na quarta temporada, e o verdadeiro massacre que ele causa na embaixada americana no Paquistão. Ele retorna na oitava e última temporada, mas numa condição completamente diferente: agora como aliado dos Estados Unidos pela paz no Oriente Médio.

via GIPHY

Protagonista complexa, mas cansativa

A premiada "Homeland" tem como trunfo a personagem protagonista, uma agente da CIA com transtorno bipolar, mas que está longe de ser uma mocinha tradicional. Inclusive, não é exagero descrevê-la em alguns momentos como uma anti-heroína. A serviço da central de inteligência americana, Carrie chega a ser quase amoral para conseguir os seus objetivos. Ela ilude, mente, seduz... Até mesmo ordenar um ataque a drone contra inocentes ela já fez

Mas ainda que tenha atitudes condenáveis e seja realmente uma personagem de moral duvidosa, Carrie não é uma vilã. Ela não está imune a erros e é demasiadamente humana, o que a aproxima dos telespectadores. Uma das cenas mais fortes é quando, em uma depressão pós-parto, ela quase afoga a filha em uma banheira. Apesar de todas ambiguidades que a tornam uma personagem interessante, Carrie Mathison é também o calcanhar de aquiles de "Homeland". Muitos episódios chegam a ser cansativos quando retratam os frequentes surtos psicóticos da nossa justiceira, que por fim acabam sendo uma muleta repetitiva ao longo da série.

O desfecho

Qual o fim de Carrie em "Homeland"? Os criadores conseguiram dar um fim à altura da personagem. A premissa é de que tudo o que ela faz é por um bem maior, nem que para isso precise trair o seu melhor amigo: Saul Berenson. E é isso o que ela faz. Para recuperar a caixa-preta do avião que caiu com o presidente dos Estados Unidos, que agora está em posse dos russos, Carrie aceita descobrir quem é a agente de Saul infiltrada no governo russo em troca do equipamento que evitará uma guerra em iminência entre Estados Unidos e Paquistão.

A agente é um contato valioso de Saul a quem ele deve a sua vida, mas Carrie passa por cima de quem sempre a protegeu para ter a caixa-preta de volta. No último episódio, entretanto, uma nova reviravolta. Depois de conseguir evitar a guerra, ela se muda para Moscou e atua como agente do governo russo, aparentemente traindo os Estados Unidos. Mas na última cena ela envia informações a Saul, provando que continua leal a seu país e relembrando a trajetória seguida por Nicholas Brody.