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Segundo revista, Regina Duarte diz estar sendo 'dispensada' por Bolsonaro

Regina Duarte durante sua cerimônia de posse como secretária especial da Cultura - Alan Santos/PR
Regina Duarte durante sua cerimônia de posse como secretária especial da Cultura Imagem: Alan Santos/PR

DO UOL, em São Paulo

05/05/2020 12h17

A secretária especial da cultura, Regina Duarte, acredita que pode estar sendo "dispensada" pelo presidente Jair Bolsonaro após ser pega de surpresa pela recondução de Dante Henrique Mantovani à presidência da Funarte (Fundação Nacional de Artes). A informação é da revista Crusoé.

Segundo a publicação, a frase foi dita em um diálogo entre Regina Duarte e uma assessora enquanto o repórter esperava na linha. "Que loucura isso, que loucura. Eu acho que ele está me dispensando", disse a atriz, de acordo com a publicação, à assessora quando informada sobre a decisão anunciada hoje no Diário Oficial da União.

Mantovani havia sido designado para o cargo em dezembro, mas foi exonerado por Regina Duarte assim que a atriz assumiu a secretaria. A recondução ao cargo foi assinada hoje pelo ministro da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto.

Em outro trecho da conversa publicada pela revista Crusoé, a assessora diz que estava na secretaria para uma missão e apoiaria qualquer decisão de Regina, que responde dizendo que já estava esperando. "Essa noite eu passei a noite? Acordava de uma em uma hora e falava assim: 'está esquisito, está muito esquisito'", disse a atriz, segundo a revista

Em declaração direta à revista, Regina Duarte disse que não iria comentar a conversa com a assessora por se tratar de um assunto privado. Porém, a Crusoé diz que ela confirmou a surpresa com a nomeação e que estranhou o fato da recondução sem o seu conhecimento prévio.

Ainda de acordo com a revista, Regina afirmou que vai ser recebida por Bolsonaro entre hoje e amanhã e que não chegou a conhecer pessoalmente Montavani. "Talvez ele (Mantovani) seja até uma boa pessoa", afirmou. Ela ainda afirmou que prepara um Power Point para apresentar o plano de trabalho na sua secretaria.

O UOL tentou contato por telefone com a secretaria para uma posição sobre as declarações de Regina Duarte publicadas pela Revista Crusoé, mas não obteve sucesso até o momento.

Polêmica

Mantovani foi criticado por um vídeo publicado em outubro de 2019. Ele disse que "o rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto, que, por sua vez, alimenta uma coisa muito mais pesada, que é o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de uma vez, que ele fez um pacto com o diabo para fazer sucesso".

Mantovani tinha sido indicado ao cargo pelo antecessor de Regina Duarte, Roberto Alvim, que foi demitido após anunciar o lançamento de um prêmio cultural com um discurso aparentemente inspirado em Joseph Goebbels, ministro de Propaganda da Alemanha nazista.

Alvim, assim como os outros dirigentes demitidos por Regina Duarte, são discípulos de Olavo de Carvalho, que vive nos Estados Unidos e tinha declarado que Regina Duarte estava no cargo por indicação sua.

"Se a Regina Duarte quer mesmo se livrar de indicados do Olavo de Carvalho, a pessoa principal que ela teria de botar para fora do ministério seria ela mesma", escreveu no Twitter.

Em vídeos antigos, Mantovani diz que soviéticos se infiltraram na CIA (departamento de inteligência dos EUA), para distribuir drogas no festival de Woodstock, em 1969.

"Existem certos indícios de que a distribuição em larga escala de drogas, do LSD, foi feita pela própria CIA. Havia infiltrados do serviço soviético lá", disse o maestro.

Contudo, ele não é crítico total do rock. Em outro vídeo, publicado em fevereiro de 2018, diz ser fã de Angra e Metallica, e descreveu o que pensa sobre o estilo musical.

"A música também tem a sua finalidade. Eu acho o rock, por exemplo, muito bom para quando você está dirigindo no trânsito ou na estrada e começa a te dar aquele sono, você coloca o rock e acorda na hora", opinou.

O sertanejo, estilo do qual muitos cantores apoiam Bolsonaro, também foi criticado pelo novo presidente da Funarte em fevereiro de 2018.

"Quem faz sucesso hoje com esse chamado sertanejo universitário não tem relação alguma com o campo, a vida rural, a vida brasileira. Tem a ver com a ganância, com querer ganhar dinheiro com essas músicas de baixíssima qualidade que acabam inclusive por distorcer o nome da chamada música sertaneja, principalmente a de raiz", argumentou.