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Tigre real e falas escritas no set: elenco lembra bastidores de 'Gladiador'

Russell Crowe venceu o Oscar de melhor ator pelo filme Gladiador (2000) - Reprodução
Russell Crowe venceu o Oscar de melhor ator pelo filme Gladiador (2000) Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

04/05/2020 20h00

No aniversário de 20 anos do filme "Gladiador" (2000), alguns membros da produção e elenco conversaram com a revista "Variety" sobre momentos marcantes da produção do longa. O diretor Ridley Scott contou que inspirou-se em um quadro para idealizar o filme e que muitas vezes as falas dos personagens foram decididas horas antes das filmagens.

"Sou um diretor muito orientado visualmente. [O produtor Walter] Parkes abriu uma foto de uma pintura de um sujeito chamado Jean-Léon Gérôme que mostra um homem de armadura, com o garfo de atum que te mataria, de pé em cima de uma vítima. Ele está olhando para cima de uma parede de mármore preto, com este Nero de rosto roxo, já louco de vinho. Ele tem um polegar para baixo, eu olhei para ele por um momento e foi como um flash. Quando você é experiente como eu, pode tomar uma pequena decisão instantânea e normalmente é preciso. Então eu disse: 'Eu farei isso'. Parkes disse: 'Espere, você não sabe do que se trata a história'. Eu disse: 'Eu não ligo, vou fazer isso' e foi isso", contou Ridley.

Sobre a escolha do papel, o protagonista Russell Crowe afirmou: "Eu li o roteiro e achei que não era um filme. Mas então Parkes disse: 'É 184 d.C., você é um general romano e será dirigido por Ridley Scott'. E isso foi o suficiente para eu querer falar com Ridley. Eu estava saindo das filmagens de "O Informante" (2000). Eu estava enorme. E não tinha cabelo porque usava uma peruca naquele filme, então raspei minha cabeça para tornar a situação mais confortável e as perucas saírem mais rapidamente. Eu não parecia nenhum general romano".

Escrevendo as falas na hora da gravação

Durante as filmagens do filme, tornou-se muito comum o diretor, o protagonista e o roteirista, David Franzoni, encontrarem-se algumas horas antes das filmagens para pensar em falas.

"Todos nós nos encontrávamos para beber uísque e fumar charutos. [Nesse momento,] Trocávamos notas e ideias. Depois, eu voltava a escrever às 3 ou 4 da manhã e entregava as páginas para Ridley. Durante as filmagens, eu fui e conheci Russell. Nós nos encontrávamos quase diariamente antes que ele filmasse e conversávamos sobre as cenas. Lembro que uma vez estávamos sentados no chão, desenhando coisas na areia. Era uma maneira dos anos 60 de fazer um filme", relembra Franzoni.

Crowe diz que até hoje brinca com a situação: "Eu sempre digo a Ridley desde então: 'Um dia desses a gente devia fazer um filme em que nós realmente sabemos o que vamos fazer antes de começar'".

O Tigre

Sobre o tigre que contracena com Russel em uma cena no Coliseu, ele e Ridley Scott contam que se tratava de um animal real e que Crowe realmente tinha que fugir dele nas gravações.

"[O tigre] era enorme da cauda ao nariz, 3,35 metros. Tínhamos dois caras com uma corrente com um anel no chão para controlá-lo. Russell dizia: 'Ok, pode soltar' e quando Russell recuou, o tigre saiu do buraco e Russell saiu do caminho, dizendo: "Porr*, essa foi por pouco", conta Ridley.

"[O tigre] é tão bonito, é tão real e você adoraria poder acariciá-lo e abraçá-lo, mas obviamente isso traz riscos inerentes.", completa Russell.

Fora do Oscar

Por fim, Ridley Scott conta que, mesmo com o filme premiado como melhor do ano, não subiu no palco do Oscar. Enquanto Russell Crowe venceu a categoria de ator principal, Scott perdeu a de diretor para Steven Soderbergh.

"Eu fui atropelado para pisar no palco porque, na verdade, desisti de ser produtor do filme, já que havia tantos. Eu pensei: Oh, que diabos, eu não vou incomodar. E fui atropelado quando todos subiram ao palco. Então me sentei pensando: Nossa, não vou fazer isso de novo", conclui o diretor.