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Morre Luiz Alfredo Garcia-Roza, premiado escritor de literatura policial

Morre Luiz Alfredo Garcia-Roza, premiado escritor de literatura policial - Ana Carolina Fernandes/Folhapress
Morre Luiz Alfredo Garcia-Roza, premiado escritor de literatura policial Imagem: Ana Carolina Fernandes/Folhapress

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

16/04/2020 11h56

Resumo da notícia

  • Morreu no Rio de Janeiro o mestre da literatura policial Luiz Alfredo Garcia-Roza
  • O escritor e psicanalista estava com 84 anos e vivia em coma, por conta de um AVC
  • Garcia-Roza começou na ficção aos 60 anos, em 1996, e fez muito sucesso na literatura noir
  • Seu principal personagem foi o detetive Espinoza, que desvendava casos policiais brutos no Rio
  • Luiz Alfredo era casado com Livia Garcia-Roza, que se despediu nas redes sociais: "Adeus, meu amor"

Morreu hoje, no Rio de Janeiro, o escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, um dos mais famosos escritores da literatura policial do Brasil. Ele tinha 84 anos e estava internado desde 2019 por conta de problemas neurológicos. Um AVC o deixou em coma pelos últimos meses.

A informação foi confirmada pela editora Companhia das Letras e pela Agência Riff. De acordo com Luiz Schwarz, editor da empresa, ele sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2019. Nas redes sociais, Livia Garcia-Roza confirmou a morte do marido: "Adeus, meu amor".

O autor ficou conhecido por seus livros policiais, boa parte com histórias de seu personagem preferido, o detetive Espinoza, tornando-se um dos mais influentes de sua geração na literatura noir.

Garcia-Roza era marido de Livia Garcia-Roza, também escritora. Em entrevista ao jornal O Globo, em julho de 2019, Livia já havia confirmado que o marido estava internado por cinco meses em uma clínica, por conta de problemas neurológicos.

Editor da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz escreveu sobre a morte de Garcia-Roza: "Um dia depois da morte de Rubem Fonseca, um de seus bons amigos também nos deixa. Acaba de falecer Luiz Alfredo Garcia-Roza, que se não me falha a memória deve a Rubem sua entrada na carreira de ficcionista."

"Filósofo especialista em psicanálise, Luiz Alfredo era autor importante da editora Zahar. Quando resolveu criar o detetive Espinosa falou com Jorge, que indicou que os livros policiais cairiam melhor na linha da Companhia das Letras", contou o editor. "[Ele] Adorava seu novo ofício de escritor de romances policiais, para onde canalizava toda a generosidade que aprendera com os grandes filósofos. O Brasil perde hoje um grande professor, um escritor exemplar, e um poço de bondade. Seu sofrimento com o acidente vascular cerebral que sofreu há meses foi muito maior do que merecia."

A Riff, agência literária que trabalhava com o autor, também postou sua homenagem: "Hoje nos despedimos do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, autor de 11 romances policiais que imortalizaram o célebre detetive Espinosa, personagem recorrente em sua obra de ficção."

Da psicanálise à ficção

Nascido em 16 de setembro de 1936, também foi psicanalista, assim como Livia. Seu início na literatura de ficção foi já aos 60 anos, quando publicou "O Silêncio da Chuva" em 1996 e ganhou o prêmio Jabuti, no ano seguinte. O livro já tinha Espinosa em ação, investigando casos de crimes violentos no Rio de Janeiro.

Sua obra chegou ao cinema com a adaptação de "Berenice Procura", um dos destaques da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo de 2017. O longa foi dirigido por Allan Fiterman e contou com Cláudia Abreu e Caio Manhente no elenco.

"Silêncio da Chuva", com direção de Daniel Filho e Lázaro Ramos como o detetive Espinoza, está em fase de pós-produção para chegar aos cinemas. O detetive Espinoza também virou série, na GNT, com "Uma Janela em Copacabana", em que Domingos Montagner foi o protagonista.

Foram 12 livros de ficção lançados pelo autor até 2019, além de seu trabalho na psicanálise, que totaliza mais quase uma dezena de livros.

Ontem, também no Rio, morreu Rubem Fonseca, um dos maiores escritores do país, aos 94 anos. Ele sofreu um infarto.