'Tales From the Loop': série é a ficção científica anti-'Black Mirror'
"Tales From The Loop", série que estreou no Amazon Prime Video no último dia 3, é bem diferente das outras produções de ficção científica que nos acostumamos a ver nos últimos tempos: ela não é perturbadora e sombria como "Black Mirror", nem imagina um futuro distópico com doenças fatais à espreita, como "Contágio" e filmes do gênero que tiveram a popularidade renovada em tempos de pandemia.
Pelo contrário: a série criada por Nathaniel Halpern ("Legion", "The Killing"), tem um passo mais contemplativo, com viagens no tempo e idas a outros mundos servindo para explorar temas tão reais quanto universais, como luto, família e solidão. Seu olhar para a existência humana é mais delicado e, também, mais esperançoso. É quase um anti-'Black Mirror'.
"Acho que há muitas produções que exploram a ansiedade, o medo e a raiva. Parece que são as únicas emoções que temos", diz Halpern ao UOL.
Há tantas outras coisas que experimentamos nas nossas vidas. A ficção científica pode ser usada para contar histórias emocionantes que comovem e dão esperança. Achei que era um elemento do gênero que não estava sendo bem utilizado
Com o mundo isolado por conta da Covid-19, Halpern espera que "Tales From The Loop" possa trazer algum conforto a quem assiste.
A série foi gravada há um tempo, mas espero que o tom, que é feito para não te deixar ansioso e tem uma natureza tranquilizante, possa ajudar as pessoas nessa situação atual
Para contar suas histórias, o showrunner reuniu um time de atores liderado por Rebecca Hall, Paul Schneider e Jonathan Pryce (de "Dois Papas" e "Game of Thrones"), e uma equipe igualmente interessante de diretores, incluindo Mark Romanek ("Não Me Abadone Jamais"), Jodie Foster ("Black Mirror") e Andrew Stanton ("Wall-E").
Abaixo, listamos o que torna a série tão diferente —e porque ela pode ser uma opção interessante mesmo para quem não é tão fã assim de ficção científica.
Das pinturas para o streaming
"Tales From the Loop" tem uma origem bem peculiar: a história é baseada em uma série de pinturas do artista sueco Simon Stålenhag, nas quais paisagens invernais convivem com robôs e outras estruturas misteriosas. Halpern foi apresentado a elas por Matt Reeves, produtor executivo da série e diretor do inédito "The Batman", e ficou impressionado:
É muito raro você ver algo que seja tão original, com esse casamento entre o comum e o extraordinário. E ainda havia uma emoção maravilhosa nas pinturas dele
Cada episódio é baseado em uma pintura em especial —e Stålenhag ajudou inclusive no design de pequenos detalhes adicionais que compõem o universo da série, como o braço mecânico de um personagem. "Ele criou esse visual incrível e minha equipe de efeitos especiais conseguiu trazê-lo à vida. Houve alguns momentos em que eu perguntei como certas coisas seriam, e ele foi muito generoso em ajudar", lembra Halpern.
No geral, porém, coube a ele e ao diretor Mark Romanek, que dirigiu o episódio piloto e também produz a série, decidir como dar vida às telas do artista. "Você tem que extrapolar aquilo que está pintado, pensando como Simon imaginaria aquilo e ainda suprindo as necessidades da cena. Nathaniel e eu passávamos o dia todo discutindo ideias", conta Romanek.
Histórias independentes
Como o próprio nome já diz, "Tales From The Loop" traz, a cada episódio, uma história diferente, em um formato quase de antologia. Mas só quase. Afinal, há personagens recorrentes, e todos estão ligados ao Loop, uma instalação misteriosa que provoca acontecimentos estranhos na pequena cidade de Mercer, Ohio, no meio dos anos 1980.
O primeiro episódio é centrado em uma garota que, de repente, não encontra mais sua casa nem sua mãe, e recebe a ajuda de um garoto chamado Cole (Duncan Joiner). "Era um dos melhores roteiros que já li", diz Romanek.
A menina, vale notar, é vivida por Abby Ryder Fortson, a Cassie Lang de "Homem-Formiga" —e os dois atores-mirins impressionaram o diretor.
Durante as gravações, eu pensava 'meu Deus, essas crianças são incríveis'. É como se tivéssemos encontrado Meryl Streep e Daniel Day Lewis, mas jovens
Mistérios não tão importantes assim
O Loop é intrigante, mas não espere grandes explicações sobre seu funcionamento: ele é mais um catalisador das histórias do que o centro da série.
A intenção é, mais uma vez, deixar as experiências dos personagens à frente. "A ficção científica está aqui para amplificar as emoções, e não o contrário", explica Halpern.
Acho que às vezes as pessoas não gostam de sci-fi porque os personagens muitas vezes estão lá só para servir a uma ideia, e você não consegue se identificar com eles
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